A obra literária escolhida para este próximo encontro foi o romance O Encontro Marcado, de Fernando Sabino. Filho de uma típica família de classe média, Fernando Tavares Sabino nasceu em 12 de outubro de 1923, em Belo Horizonte, onde passou toda sua infância e adolescência. Ainda cedo desenvolve-se o gosto pela leitura e escrita, escrevendo seu primeiro conto publicado na revista "Argus", órgão da Secretaria de Segurança de Minas Gerais. Ainda na sua a adolescência passa a atuar como cronista e jornalista em diversos jornais e revistas na capital mineira. Embora tenha decidido se tornar gramático aos 17 anos, inicia-se nos, no início dos anos 40 o curso de Direito. Em meados dessa mesma década, Fernando Sabino viaja ao Rio de Janeiro, conhecendo e se tornando amigo de nomes consagrados da literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Clarice Lispector, Cecília Meirelles, Ruben Braga, entre outros. Em 1945, após se formar em Direito, embarca com Vinícius de Moraes para os Estados Unidos, passando a residir em Nova Iorque, trabalhando no Escritório Comercial do Brasil e, posteriormente no Consulado Brasileiro. Durante todo o tempo em que viveu no exterior, em várias fases de sua vida, Fernando Sabino atuou como cronista e jornalista para diversos jornais brasileiros, entre eles o "Diário Carioca", "O Jornal"e especialmente o "Jornal do Brasil" e "O Globo", dos quais ele se tornou correspondente por maior período de tempo. Neste mesmo ano (1945) ele começa a escrever O Grande Mentecapto, romance que terminaria apenas 33 anos depois e que se torna posteriormente uma adaptação para o teatro e para o cinema, sendo agraciado com o prêmio no Festival Internacional de Gramado em 1989. No ano seguinte esse filme é exibido no Festival Internacional de Cinema em Washington D.C., e recebe um prêmio. Como se vê, Fernando Sabino, além de cronista, jornalista e romancista, desenvolveu uma considerável carreira na sétima arte. Em 1956 publica o seu romance de maior sucesso, O Encontro Marcado, um grande sucesso de crítica e de público, com uma média de duas edições anuais no Brasil e várias no exterior, além de adaptações teatrais no Rio e em São Paulo. Fernando Sabino desenvolveu uma intensa e prestigiada rede de amizade e profissionalismo com os grandes nomes da literatura, do jornalismo e da política brasileira. Ocupou diversos cargos de carreira pública e construiu uma prestigiada carreira no exterior, tendo sua obras publicadas em diversos países do mundo. Entre as suas obras mais famosas e importantes, além de O Encontro Marcado (1956), estão O Grande Mentecapto, (Record, 1975), O Menino no Espelho, (Record, 1982), Zélia, uma paixão, romance-biografia, Record, 1991, além de vários livros de contos e crônicas, como Os Grilos não cantam mais, (1941), sua primeira obra publicada, O Homem Nu, 1960, A Mulher do Vizinho, 1962, entre tantos outros. Em julho de 1999 recebeu da Academia Brasileira de Letras o maior prêmio literário do Brasil, "Machado de Assis", pelo conjunto de sua obra.
Sua obra mais famosa, O Encontro Marcado, publicado em 1956, surpreendeu os leitores por se tratar de uma longa narrativa. "A repercussão foi espetacular, tornando-se de imediato, o livro de cabeceira de milhares de jovens que nele se reconheciam por verem expostos ficcionalmente os seus próprios dramas existenciais." (http//www.passeiweb.com/estudos/livro/o_encontro_marcado). Também adaptada para o teatro, a obra se caracteriza como um típico romance de geração, tendo como abordagem central os problemas específicos de um grupo etário/social de uma determinada época e cujo alcance esgota-se naquela geração. A obra apresenta ao leitor uma Belo Horizonte da década de 40 com todas as suas peculiaridades, o seu aspecto provinciano e principalmente os anseios e alguns traços de preocupações ideológicas daquela geração. A obra tem como protagonista Eduardo Marciano e juntamente com Mauro e Hugo corresponderiam a Fernando Sabino e seus amigos de infância Hélio Pellegrino e Otto Lara Rezende, respectivamente. Além da caracterização de uma época, a obra apresenta um discurso existencialista, onde tudo se apresenta de forma efêmera, contraditório e questionador, sobretudo de uma moral tipicamente burguesa, arraigada às convenções sociais próprias de uma época.
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