Drama, Espanha, 2011, 120 min. Direção: Pedro Almodóvar. Com Antonio
Banderas, Elena Anaya e Marisa Paredes.
O novo filme de Almodóvar – A Pele que Habito – é a prova de que
para o espanhol não há temas que não caibam na telona. O diretor mistura
traição, morte, estupro, crises existenciais, loucuras, confissões maternais,
sedução, obsessão e acrescenta a tudo isso, já visto em outros filmes, experiências
médicas e a discussão sobre a ética nestas experiências.
O filme é daqueles que nos fazem
ficar 120 minutos presos à tela, sem desgrudar os olhos, enquanto acompanhamos
o cirurgião plástico Richard Ledgard (Antonio Banderas) criar um ser humano “à
imagem e semelhança” de sua mulher morta, após ficar completamente queimada num
acidente de carro.
Ledgard assume, na construção da
narrativa surrealista, o papel de Deus e de Diabo, uma contradição, responsável
por causar tamanho impacto ao espectador. O filme não tem mocinhos e bandidos –
Almodóvar supera o maniqueísmo definitivamente – na narrativa, todos são
humanos, por isso nem bons, nem maus: agem para atingir seus objetivos e em
busca de uma felicidade deveras fugaz.
Se em outras obras, Almodóvar já apresentava
personagens andróginos, homossexuais, transexuais e dava a essas personagens
grande destaque, em A pele que habito, o
diretor se supera e faz Ledgard recriar um homem a partir de suas experiências
médicas (psiquiátricas, dermatológicas e ginecológicas). A última fala do filme
é o ápice da crise de identidade, já abordada pelo autor em outros momentos,
mas, neste filme, é mais evidenciada: “Mama, yo soy Vicente!” É um filme com a
cara da pós-modernidade!
Boa análise do filme. Realmente este diretor impressiona. Espero poder acompanhar seu blog mais de perto. Sucesso!
ResponderExcluirOlá, Douglas! Sempre que tiver publicações novas do grupo, disponibilizarei o link. Obrigada pela leitura e pelo comentário. Abraço.
ResponderExcluirCarla, você que é minha consultora de pós-modernidade, por que você considera "A pele que habito" um filme pós-moderno?
ResponderExcluirAbraços
Oi, Marcos, só hoje que estava procurando a postagem de "entre paredes" que vi sua pergunta sobre a pós-modernidade. Uma das características principais da pós-modernidade é que as identidades são mutáveis, e neste filme, todas as identidades dos personagens são muito mutáveis, além da falta de clareza de quem é o vilão quem é o mocinho/mocinha, até mesmo as identidades sexuais não são fixas... por isso é um filme pós-moderno. Espero que veja meu comentário. Abraços, Carla
ResponderExcluir