Sísifo é um personagem
mitológico condenado a subir eternamente uma montanha carregando uma pedra,
toda vez que ele chega ao topo com a pedra, a pedra rola e ele novamente começa
seu caminho de volta e novamente carrega a pedra. E a cena se repete ad infinitum.
Albert Camus escreveu, em
1942, o ensaio O mito de Sísifo,
nele o autor nos apresenta a filosofia
do absurdo. Segundo Desidério Murcho: “Albert Camus inicia o seu famoso
livro sobre o mito de Sísifo declarando que só há um problema filosófico
verdadeiramente importante: o suicídio. A ideia é que é urgente descobrir se a
vida faz ou não sentido — pois se não fizer, resta-nos o suicídio.”
Lendo o livro de poemas de
Affonso Romano de Sant’anna intitulado Sísifo
desce a montanha, tenho a sensação de que o poeta, escritor e ensaísta
acredita ter encontrado a saída, ou seja, o sentido da vida. Para mim, numa
primeira leitura dos poemas, Sant’anna passa-me a ideia de que nós podemos
descer a montanha e parar de rolar o rochedo eternamente. Para isso é preciso
começar a dar sentido ao nosso cotidiano, parar de agirmos como máquinas, levar
em conta a conversa simples do fim do dia ("Toda noite acendo algumas velas na sala enquanto minha mulher prepara o jantar"), não se deixar ser devorado pelo
enigma e, ao mesmo tempo, levantar o olhar, quando nos depararmos pertencentes
a um rebanho.
Para vencermos a rocha e a
deixarmos rolar, é preciso vermos sentido nas coisas que estão além da rocha,
para parodiar Drummond, do qual Sant’anna é estudioso, é necessário não darmos
um valor maior do que a pedra no meio do caminho merece, ou seja, não podermos
viver em função da pedra no meio do caminho, pois pedras no meio do caminho
sempre terão, mas nosso caminho vai além.
Muito bom Carla, simples e direto. (Nivaldo Moura)
ResponderExcluirLindo Carla!
ResponderExcluirLindo Carla!
ResponderExcluirLindo Carla!
ResponderExcluirOtima interpretação, muito coerente quanto ao livro.
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