segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

ATA DO ÚLTIMO ENCONTRO

Museu Imperial de Petrópolis
No último encontro literário, ocorrido na Planet Music, as discussões continuaram acerca da importância dos museus brasileiros, sobretudo os de maior destaque - o Museu Imperial de Petrópolis e o Museu Paulista, também conhecido como Museu do Ipiranga. Os textos estudados e discutidos foram "O Museu Imperial e a Celebração da Monarquia Brasileira", da historiadora Cláudia Soares Azevedo e "Como Explorar um Museu Histórico", de Ulpiano Teixeira.
Ambos os textos tratam, principalmente, da preocupação da afirmação da nacionalidade brasileira naquele momento histórico. Se por um lado a fundação do Palácio do Ipiranga demonstra esta preocupação já no seu momento e local de fundação, a fundação do Museu Imperial de Petrópolis é repleta de simbolismo e, segundo a autora, foi uma forma de resgatar a importância política e memorialista de nosso mais conhecido e aclamado imperador, D. Pedro II.  Não por acaso a cidade de Petrópolis foi escolhida para sediar o local onde se homenagearia a família imperial. Ali, ainda no Primeiro Reinado, D. Pedro I adquiriu as terras para futuros empreendimentos e em 1843 foi fundado o Palácio Imperial para sediar o Império nos meses mais quentes do ano. Nos meses de verão o imperador e sua família preferia os ares mais amenos da serra, algo semelhante aos ares europeus. Em volta da casa da família imperial se estabeleceram figuras importantes do Império Brasileiro e a cidade de Petrópolis se tornaria um refúgio das elites agrárias brasileiras, tanto no Segundo Reinado quanto nas primeiras décadas da República. Mas o Museu Imperial de Petrópolis somente se tornou realidade em 1943, 100 anos após a fundação da cidade, por um esforço pessoal do Presidente Vargas e de figuras importantes da cidade. A ideia era afirmar a nacionalidade brasileira, construída durante o Império e que se viu um pouco abalada com a retirada da família Imperial para o exílio e anos mais tarde com a morte de D.Pedro II na França.
Família Imperial Brasileira no Segundo Reinado.

O esforço pessoal de Getúlio Vargas na construção do Museu conjugava interesses das elites petropolitanas de forma a projetar a cidade na cena cultural brasileira, com a afirmação da figura de um presidente que se preocupava com o seu nome ligado à valorização da cultura e da nacionalidade brasileira. No entanto, a questão mais importante quando se trata de museus é se realmente os museus apresentados podem ser aceitos como Museus Históricos, na formação de uma consciência histórica e como locais de difusão do conhecimento histórico. Sabemos todos que os museus apresentados têm por objetivo contar uma história específica deste recorte histórico, quando aborda apenas a história das elites. A história do Império, com toda sua complexidade, está longe de ser demonstrada, de forma abrangente, nestes espaços ora apresentados, ainda que se tenha um esforço de conferir um sentido histórico no Museu Paulista nos últimos anos.
Museu Paulista (Museu do Ipiranga)
Vale ressaltar que o Museu Paulista, pertencente à USP, está fechado para reforma. Certamente após este período (oito anos) podemos esperar uma afirmação deste espaço de ensino-aprendizagem como um local de difusão do conhecimento histórico, despertando a consciência histórica nos seus visitantes. Quanto ao Museu Mariano Procópio, alvo de discussão no encontro passado, também se encontra fechado para reforma desde o ano de 2005. A esperança para os visitantes de Juiz de Fora e região é de que ele tenha as suas portas reabertas nos próximos anos.

Mas, se por um lado estes espaços não permitem um estudo mais amplo sobre o período mensionado, eles são de fundamental importância no estudo e na análise de um discurso que se forjou naquele período, sobretudo na intensão e no propósito de construir e afirmar a nossa identidade nacional. A nação brasileira, de acordo com a museografia destes espaços, foi, em grande medida, um projeto bem sucedido da nação portuguesa em terras do Novo Mundo.

Participaram deste último encontro: Raphael Reis, Paulo Tostes e Eu (Marcelo Novais). O nosso próximo desafio literário será Um rio chamado tempo. Uma casa chamada terra, de Mia Couto. Uma boa leitura a todos.