segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Noites Brancas em São Petersburgo (Rússia)


    Os romances que tornaram o nome de Fiódor Dostoiévski, em minha opinião o maior escritor no conjunto das obras, foram os escritos relacionados a segunda fase de sua carreira, após sua volta do exílio da Sibéria, em 1859. Principalmente, Crime e Castigo (leitura de novembro) e Os Irmãos Karamázov (inclusive influenciou Freud em suas teorias sobre o parricídio - é uma obra espetacular!). Contudo, suas obras anteriores também são fascinantes, como é o caso de Pobre Gente e Noites Brancas (1848). Esta última nos interessa mais neste momento devido ser a obra de leitura do mês de outubro, do nosso grupo de leitura.
   O vídeo acima é um passeio pela cidade russa de São Petersburgo, exatamente nas tão famosas e fantasmagóricas Noites Brancas, período do verão em que o sol não chega a se pôr de todo, dando o ambiente uma aparência fantasmagórica. E é exatamente neste cenário que passa a história sensacional de Fiódor Dostoiévski, narração esta que nos leva a uma das grandes questões, além de outras: afinal, o que querem as mulheres? Importante ressaltar que nem Freud explicou isso...rsrs
  Boa leitura e boa viagem por São Petersburgo!

Obs.: A melhor tradução das obras de F.D certamente são as da Editora 34, visto que seus tradutores são especialistas em língua russa, além de pesquisarem as questões filológicas e documentais sobre as obras e autor - fica a dica.
 
   

domingo, 16 de outubro de 2011

NOITES BRANCAS

Noites Brancas – Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski

A solidão vivida por pessoas que habitam grandes cidades é narrada por Dostoiéviski no livro Noites Brancas. Em decorrência, vêm os sonhos de firmar relacionamentos fortes e duradouros. Assim, o autor constrói o protagonista da história.

Diz ele: E as pessoas abanam a cabeça e murmuram: “Como os anos passam depressa!” E perguntam ainda: “Que fizeste durante esse tempo? Chegaste realmente a viver ou não?” “Olha”, dizemos para nós mesmos, “repara que frio faz neste mundo. Basta que passem mais uns anos para que chegue a espantosa solidão, a trêmula velhice que traz consigo a tristeza e a dor. O teu mundo fantástico há de perder então as suas cores, murcharão e morrerão os teus sonhos, e, como as folhas amarelas que tombam das árvores, também eles se desprenderão de ti...”

O sonhador, protagonista da história, manifesta, com sutileza, que as imposições da vida não podem ser ignoradas, apesar de seguir contemplando a possibilidade de viver experiências em uma atmosfera fantasiosa de devaneios.

Em uma das noites brancas de São Petersburgo o tímido sonhador conheceu Nástienhka, jovem, ingênua, e também sonhadora, que derramava lágrimas apoiada em uma balaustrada, à espera de um prometido amor. Durante quatro noites brancas os dois de encontram e trocam confidências, até que ele, o sonhador, resolve expor seu encantamento pela jovem que tinha uma vida restrita a satisfazer os caprichos da avó. O diálogo é meloso, digno de jovens apaixonados, que sonham por um mundo romântico. Os encontros se resumem a experimentar a satisfação da proximidade, do diálogo, e do toque, beirando ao amor platônico.
O personagem romântico constrói juntamente com Nástienhka uma atmosfera fantasiosa, capitaneado pelos desejos de um mundo fictício, criado por sonhos, que termina norteando um diálogo sentimentalista.

De volta à realidade, o sonhador se vê desiludido, em um quarto escuro e sujo, e diz: “Talvez a culpa de tudo isso fosse aquele raio de sol que de súbito surgiu por entre as nuvens, para logo depois voltar a esconder-se por detrás de outra ainda mais escura, que anunciava chuva, de tal maneira que todas as coisas se tornaram ainda mais lúgubres e mais sombrias...”

Percebe-se, que o personagem, desiludido, utiliza-se das noites brancas de São Petersburgo para estabelecer relação de perspectiva, prevendo dias mais sombrios e sem sonhos. Apesar do sentimento de dúvida a respeito de novos momentos de felicidade, conclui que os vividos com Nástienhka foram verdadeiros e induz o leitor a acreditar que a felicidade não é eterna, contudo pode ser experimentada em momentos da vida.

O título da obra Noites Brancas se refere a um fenômeno comum na Europa em que, mesmo à noite, o sol não se põe completamente.

Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski - Nasceu em Moscou, em 1821. Cursou engenharia e estreou na literatura em 1845. Foi condenado à morte em 1849, por envolvimento com política liberal. Minutos antes do fuzilamento, sua pena foi modificada por um período de exílio na Sibéria. Morreu em São Petersburgo, em 1881. É autor de Irmãos Karamazóv, O Jogador, Notas de Subsolo, O Eterno Marido, e Recordações da Casa dos Mortos. É considerado o mais importante romancista russo.

FONTE: http://visaoliteraria.blogspot.com/2009/08/noites-brancas-fiodor-mikhailovitch.html

A Fundação Itaú Social oferece ao público coleção de livros (Gênero Infantil)



A Fundação Itaú Social busca oferecer ao público livros com a mesma qualidade dos encontrados nas livrarias, com mínimas adaptações nos formatos originais, e conta com a assessoria da Associação Vaga Lume na curadoria da Campanha Itaú Criança.
Os critérios usados para a escolha desses três títulos (Adivinha Quanto eu Te Amo, de Sam Bratney; Chapeuzinho Amarelo, de Cico Buarque; e A Festa no Céu, de Anfela Lago) foram a qualidade e a diversidade de gênero do texto, autores, ilustradores, projeto gráfico, editoras e origem das histórias. São títulos premiados e recomendados por educadores e especialistas em literatura infantil.
Para aqueles que quiserem receber a coleção, basta entrar no site [http://www.itau.com.br/itaucrianca/] e solicitar através de preenchimento de um formulário a coleção. É gratuito.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ata do encontro de Setembro


O encontro do mês de setembro ocorreu em minha casa, na cidade de Juiz de Fora - Minas Gerais, no dia 09 de outubro de 2011, das 18h30 às 20 horas, a obra que serviu para nossa discussão e uma boa reflexão sobre o existencialismo foi "ENTRE QUATRO PAREDES", de Jean-Paul Sartre". Estiveram presentes os seguintes integrantes do grupo: Raphael Reis (que iniciou nossa conversa contando sobre sua visita à cidade de Quixadá, onde se passa o romance "O QUINZE" de Rachel de Queiróz), Marcelo Novais, Marcos Godoy e eu, Carla Machado . Na ocasião, foi decidido e deliberado pelo grupo a leitura do livro "NOITES BRANCAS" de Dostoiévsk. O livro escolhido é a leitura do grupo que representará o mês de OUTUBRO e serve como uma preparação para a leitura do mês de NOVEMBRO que será: "CRIME E CASTIGO", do mesmo autor.
Durante o encontro, além da obra estudada, pudemos discutir um pouco sobre Simone de Beauvoir, fotografia (Sebastião Salgado), faminismo, pós-modernidade. Enfim, um papo bom para uma tarde quente de domingo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ata do encontro de Agosto


O encontro do mês de agosto de 2011 ocorreu em minha casa, na cidade mineira de Juiz de Fora, no dia 04 de setembro do mesmo ano, das 18 horas às 20 horas, no qual foi discutida a obra de Albert Camus "O ESTRANGEIRO". Estiveram presentes todos os integrantes do grupo, a saber: Wallace Andrioli, Raphael Reis, Pauliane Godoy, Marcelo Novais e Marcos Godoy. Na ocasião esteve também presente a mais nova integrante do grupo, Carla Machado, a qual é muito bem vinda nessa e em nossas vindouras discussões. Foi decidida e deliberada pelo grupo a leitura da peça de teatro "ENTRE QUATRO PAREDES", obra de Jean-Paul Sartre, com a discussão a ser realizada no mês de setembro.

domingo, 9 de outubro de 2011

O que é existencialismo?

Sabe-se que a rubrica “existencialismo” foi uma invenção da mídia francesa para dar nome a um movimento intelectual surgido no pós-guerra – a bem da verdade, ao que se tomou por um movimento, pois isso, ao menos no início, não esteve em questão para os autores. O termo, ainda que Sartre o julgasse mais tarde “idiota”, não deve ter-lhe parecido assim tão absurdo, pois o próprio Sartre dele se serviu em escritos menores (por exemplo, no texto daquela célebre conferência “O existencialismo é um humanismo”, que foi, por sinal, renegada por ele); e o mesmo fez Merleau-Ponty, publicando na recém-criada Les Temps Modernes alguns pequenos artigos sobre o assunto (“A querela do existencialismo”, “O existencialismo em Hegel” etc.). A bem da verdade, Merleau-Ponty preferiu mais tarde adotar uma outra rubrica, a “filosofia da existência”; com isso, ele pretendia não tanto marcar identidade própria, já que, com o tempo, o existencialismo terminou por confundir-se com a doutrina de Sartre, mas sobretudo abrir o horizonte para além da cena francesa do momento; mais do que isso, pretendia mostrar que a filosofia da existência é o traço distintivo de todo o pensamento moderno: menos que uma doutrina particular, uma doutrina entre outras (uma doutrina apropriada, como se diz ainda hoje, às angústias daqueles tempos ferozes), o existencialismo francês apenas retoma uma tarefa que é própria dos Tempos Modernos.
São esses os nossos tempos – o que Sartre e Merleau-Ponty já indicavam pelo título da revista criada por eles – e o seu começo remonta, ao contrário do que possa parecer, não a Descartes, embora em Descartes uma virada decisiva tenha se produzido com o aparecimento da subjetividade (em sentido estrito, ignorada pelos antigos e medievais), tão decisiva que toda a filosofia, ainda hoje, não pode ignorá-la, como não podemos ignorar uma espinha de peixe cravada em nossa garganta; mas não é ainda Descartes que define as tarefas que são as nossas, pois, se ele é o descobridor da moderna subjetividade, ele ainda a faz apoiar-se em um pensamento do infinito: se, por exemplo, Descartes tematiza a percepção, é menos para mostrá-la em sua contingência e finitude do que para pensá-la segundo um critério que a ultrapassa. Na formulação de Foucault, a questão colocava-se para os clássicos (Descartes entre eles) da seguinte maneira: dado que a verdade é o que é, como acontece de perceber como percebemos. A questão dos Tempos Modernos, ao contrário, começa por dar um sentido positivo à finitude.
O começo dos Tempos Modernos, aqueles de que o existencialismo se julga herdeiro, se encontra em Hegel, que, como se sabe, era uma obsessão naqueles dias – um Hegel, é verdade, aclimatado pelos célebres cursos de Kojève, dos anos 1930, e sobretudo o primeiro Hegel, o da Fenomenologia do espírito. Foi esse o primeiro passo a infletir a filosofia em uma direção que permanece, para o existencialista, a nossa direção, pois foi ali que apareceu um novo conceito de razão, uma razão alargada, capaz de explorar o irracional, o contingente, o singular; a tarefa que os existencialistas se davam (e que é ainda a nossa tarefa) é hegeliana: trata-se de explorar e integrar o irracional a uma razão mais alargada, mais compreensiva que o entendimento, e não será surpresa se, no final das contas, a filosofia tiver de abandonar a idéia de uma esfera própria e realizar-se na não-filosofia. Que se tome o conceito de experiência em operação na Fenomenologia do espírito: ele deve incorporar todas as manifestações do espírito, as que residem tanto nos costumes, nas estruturas econômicas, nas instituições jurídicas, quanto nas ciências; ele deve incorporar a experiência moral, estética, religiosa e deve fazê-lo de modo a revelar sua lógica imanente, em lugar de subsumi-la, por encadeamento, a uma construção conceitual. Daí porque Hegel interessava tanto aos existen-cialistas: ao recobrar para a experiência essa dimensão, ele abria a via para revelar o que ela tem de metafísica. A questão que se coloca já não é, como em Kant, a de saber quais as condições de possibilidade de uma experiência, que é, em Kant, puramente científica e cujo correlato é o mundo das ciências da natureza, mas a de revelar as condições de realidade da experiência efetiva, da experiência humana em todos os seus setores.

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Para ler o restante do artigo, acesse: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/o-que-e-existencialismo/

Fonte: MOUTINHO, Luiz Damon Santos. O que é Existencialismo. Revista Cult, março de 2010.[http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/o-que-e-existencialismo/]. Acesso: 09/10/11

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A I Semana Discente de Ciência da Religião: “O estatuto epistemológico e a identidade acadêmica da Ciência da Religião sob a égide da interdisciplinaridade”.




A I Semana Discente de Ciência da Religião está sendo organizada pelos alunos do Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião da UFJF. Para este ano de 2011, o título é “O estatuto epistemológico e a identidade acadêmica da Ciência da Religião sob a égide da interdisciplinaridade”. Este é um evento sem fins lucrativos, que visa ser um espaço organizado para a divulgação das pesquisas acadêmicas em andamento, a troca de conhecimento, diálogo e reflexão teórica e prática entre docentes e discentes.
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Pretende-se lançar à luz a heterogeneidade de pesquisas cujo fio conector é a religiosidade em seus variados níveis de experiência. Por ser promovida por um curso constituído por três áreas de concentração – Ciências Sociais da Religião, Filosofia da Religião e Religiões Comparadas – o evento se constitui como uma oportunidade de apresentação e discussão do fenômeno religioso em múltiplas perspectivas.

Confira a programação completa: http://www.ufjf.br/ppcir/semana/programa/

domingo, 2 de outubro de 2011

Tela de Pedro Américo na Europa

Pertencente ao acervo do Museu Mariano Procópio, 'Tiradentes supliciado' é um dos destaques da Europalia, que começa na terça na Bélgica.




A Fundação Museu Mariano Procópio, uma das mais importantes do Brasil no que se refere ao acervo do Segundo Império Brasileiro, apesar de fechada para visitações devido a reformas, permanece exercendo sua importante função de difusão cultural. Integrará a Europalia 2011, festival internacional de arte, que será aberto na terça em Bruxelas, na Bélgica, com a presença da presidente Dilma Rousseff.

Além de "Tiradentes supliciado” (conhecida popularmente como "Tiradentes esquartejado"), de Pedro Américo, que será um dos destaques da mostra "Brazil. Brasil" e que entra em cartaz no Palácio Bozar, na capital belga, outras 11 obras do acervo da Mapro integram a exibição na Europa, incluindo nove fotografias de escravos e duas cianotipias (um dos primeiros tipos de impressão fotográfica existente) do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina.

O Museu Mariano Procópio é a segunda instituição brasileira com maior número de obras no chamado Núcleo da Academia, um dos dois segmentos que integram a exposição. A entidade perde apenas para os Museus Castro Maya, do Rio de Janeiro, mas fica à frente de outros museus de renome, como o Costa Pinto, de Salvador, o Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional, ambos do Rio de Janeiro.

Além de ser objeto de vários estudos e pesquisas acadêmicas, a célebre tela de Pedro Américo faz sua primeira incursão internacional, depois de ser emprestada para exposições em outras cidades brasileiras, como São Paulo, na "Bienal da antropofagia" (1998), mostra "Brasil + 500" (2000), e Ouro Preto, na coletânea "A Inconfidência Mineira no contexto da Revolução Francesa" (2009).

Considerado o maior festival de artes da Europa, a Europalia presta homenagem à cultura de países estrangeiros. No total, serão 130 shows, 60 apresentações de dança e 40 de teatro, 20 exposições de artes visuais e 80 conferências literárias. Além da Bélgica, as atrações passam por Luxemburgo, França, Alemanha e Holanda. O festival vai até janeiro de 2012.
O Europalia ocorre a cada dois anos e virou tradição na Europa desde os anos de 1960. Até a década de 1990, apenas países europeus eram homenageados, mas depois a coordenação do festival mudou. O México, o Japão, a Rússia e a China também já foram destaques no evento. Depois do Brasil, a Índia será o próximo país homenageado, em 2013.

Fonte: http://www.tribunademinas.com.br/cultura/tela-de-pedro-americo-na-europa-1.947330, visitado em 02/10/2011.

sábado, 1 de outubro de 2011

Livro do mês (setembro de 2011): Entre Quatro Paredes, de Jean Paul-Sartre



"Se um certo Jean-Paul Sartre for lembrado, eu gostaria que as pessoas recordassem o meio e a situação histórica em que vivi, todas as aspirações que eu tentei atingir. É dessa maneira que eu gostaria de ser lembrado." Essa declaração foi feita por Sartre durante uma entrevista, cinco anos antes de morrer. Na mesma ocasião, disse que gostaria que as pessoas se lembrassem dele por seu primeiro romance, "A Náusea", e duas de suas obras filosóficas, a "Crítica da Razão Dialética" e o ensaio sobre Jean Genet.

Jean-Paul Sartre influenciou profundamente sua geração e a seguinte. Foi um mestre do pensamento e seu exemplo foi seguido por boa parte da juventude do pós-guerra, nas décadas de 1950 e 1960.

Sartre tentou ilustrar sua filosofia com ações traduzidas em diversos engajamentos políticos e sociais. Mais que qualquer outro filósofo, é necessário conhecer algo de sua biografia para captar o pensamento sartreano, um projeto desenvolvido em três horizontes: a filosofia, a literatura e a política.

O século 20 mal começara quando Jean-Paul-Charles-Aymard Sartre nasceu, na rua Mignard, em Paris. Sua mãe, Anne Marie, era prima do famoso missionário Albert Schweitzer. O pai, um jovem oficial da marinha, morreu de uma febre contraída no Oriente, quando Sartre tinha um ano. Em sua autobiografia, ele lamentou que lhe tivesse sido negado o prazer de conhecer o pai.

Criado pelo avô materno, não teve uma infância feliz: o velho Charles Schweitzer, homem preso ao passado, era adepto fervoroso da disciplina. Parece que foi por influência sua que o pequeno Sartre tomou gosto pela literatura e pela escrita. Sem conseguir se adaptar ao ambiente repressivo, refugiava-se em jogos imaginários.

No colégio encontrou um verdadeiro amigo, Paul Nizan: ambos se prometeram seguir a carreira literária e descobriram juntos a filosofia, que Sartre foi estudar na Escola Superior Normal de Paris e depois na universidade Sorbonne. Ali conheceu também Simone de Beauvoir, sua companheira de toda a vida e que se tornaria uma das mais famosas escritoras do mundo.

Sartre, quando estudante, não gostava de professores. Mas precisava ganhar a vida e se tornou, ele também, um professor de filosofia, aproveitando as horas de folga para escrever. Depois de algumas tentativas, conseguiu publicar uma novela, "O Muro", em 1937, e seu primeiro romance, "A Náusea", em 1938.

O início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, mudou os rumos de sua vida. Convocado pelo Exército francês, Sartre foi feito prisioneiro pelos alemães, no ano seguinte. E aproveitou sua prisão para estudar a obra do filósofo alemão Martin Heidegger. Fazendo-se passar por civil, conseguiu ser libertado.

Escreveu boa parte de suas obras durante a guerra. Mas foi nos anos 1950, quando já era um autor consagrado que publicou sua maior criação, a "Critica da Razão Dialética", em que estabelece um diálogo crítico entre o marxismo e o existencialismo.

Sartre passou um mês em Cuba, como hóspede de Fidel Castro e lhe dedicou uma reportagem no jornal France Soir. Foi autor do Manifesto dos 121, que proclamava o direito à insubordinação dos franceses que eram convocados para lutar na guerra da Argélia, então uma colônia francesa na África.

Em 1964 ganhou o Prêmio Nobel de Literatura - mas o recusou, porque não acreditava em se submeter a juízes e seus julgamentos, mesmo quando premiado. Ficou ao lado dos estudantes em maio de 1968, quando os jovens, decididos a viver de acordo com seus próprios valores, se revoltaram em Paris

Fonte: Disponível em [http://educacao.uol.com.br/biografias/jean-paul-sartre.jhtm]. Acesso: 01/10/2011



Drama ambientado em um único cenário, idéia que sempre seduzira o autor, decidido a escrever um texto com poucos personagens. A ação se passa no inferno, mas não o inferno cristão ao qual estamos acostumados, com demônios, punições e outros estereótipos. Os personagens, um homem e uma mulher - são levados a um salão sem janelas, iluminado todo o tempo, onde enclausurados, são condenados a uma 'vida sem interrupções', o que torna a sobrevivência insuportável.

A história criada por Sartre coloca três personagens em um inferno hipotético, onde são obrigados a conviverem sem elementos que possam refletir a própria imagem, a não ser os olhos dos habitantes do confuso ambiente, ou seja, cada um é o espelho para o outro.

A filosofia existencialista, defendida por Sartre, responsabiliza o indivíduo na escolha do caminho que melhor lhe agrada e orienta sobre a importância dos sentimentos na vida das pessoas. O filósofo cita: “aquele que me olha é sempre o meu carrasco.Ou seja, apesar do indivíduo desejar ser refletido na melhor forma, os olhos dos outros ignoram esta aspiração e o enxerga em profundidade, com o rigor que efetivamente ele, o individuo, não gostaria.
 
Sendo assim, a importância dos outros para cada um de nós, gera influências que podem se tornar um inferno, devido à incapacidade humana de compreender nossas fraquezas. Ele cita: “o inferno são os outros” numa alusão à sua própria imagem refletida nos olhos de quem os observa.
 
A afirmação sobre a vigilância e o julgamento constante aos quais somos submetidos, não elimina a possibilidade de um paraíso. Neste caso, cabe ao individuo a responsabilidade da escolha do caminho que mais lhe agrada. Resumidamente, apesar de o inferno ser os outros é possível a conquista do paraíso.

Entre quatro paredes, sem janelas, sem pausas para a vida cotidiana e descanso da observação aos olhos dos outros personagens, os três protagonistas foram obrigados a conviverem. Cita um dos protagonistas referindo-se ao piscar dos olhos, como fuga ao julgamento dos outros, como se os seus olhos fechados impossibilitassem as críticas de quem o observa: “A gente abria e fechava; isso se chamava piscar. Um pequeno clarão negro, um pano que cai e se levanta, e aí a interrupção. (...) Quatro mil repousos em uma hora. Quatro mil pequenas fugas”.

Entre as quatro paredes, Garcin, um jornalista pacifista, que pretendia ser herói, mantinha um disfarce e procurava esconder o seu crime. Sua maior agonia era a possibilidade das duas companheiras, no inferno hipotético, descobrirem a sua fraqueza ou covardia que naquela situação não podia ser alterada. Mulherengo, péssimo marido, insensível aos sentimentos da esposa, precisava dos olhos de Inês, outra protagonista, para se desculpar.
 
Inês, uma funcionária dos correios, com atitudes hostis, cujo ódio e a crueldade lhe nutrem, é a única entre os protagonistas que admite a culpa. Reconhece estar no inferno e mostra o seu caráter, admitindo a situação que se encontram. Adere ao fato e tenta tirar proveito dele. Tinha uma reflexão interior profunda e consciência clara do papel a ocupar.
 
A burguesa Estelle, cujo casamento foi realizado com um homem mais velho, por interesse financeiro, esconde o seu crime e tenta convencer Garcin e Inês que havia um engano em mantê-la no inferno. Fútil, superficial e desorientada, necessitava dos olhos do jornalista, Garcin, para manter-se desejada vez que os valores superficiais a impedia de enxergar na forma mais adequada e consciente.

Independente da intensidade, todos os protagonistas se olhavam e esta visão não passava do inferno de cada um. Cada um sabia os motivos de estar ali, conduto, tentavam esconder dos outros os fatos que os levaram à situação, para serem vistos como pessoas boas, exceto Inês, que não tinha esperança de mudança.

Enquanto Estelle e Garcin tentaram esconder os seus crimes, Inês expõe o por ela praticado e chama a atenção dos demais condenados, igualmente a ela, a permanecerem de forma irreversível, no lugar onde um é o espelho do outro. Tenta fazer com que Estelle enxergue Garcin através da avaliação dos seus olhos, como alternativa, já que ela o avaliava de forma superficial.

A história segue com Inês tentando conquistar Estelle, que por sua vez procura se relacionar com Garcin, e - sabedores de que a consciência é liberdade condenada a existir - sem possibilidade de fuga Garcin se antecipa ao fechamento das cortinas e diz: "Pois bem, continuemos..."
 
Fonte: Disponível em [http://visaoliteraria.blogspot.com/2009/08/entre-quatro-paredes-jean-paul-sartre.html]. Acesso: 01/10/2011