domingo, 16 de outubro de 2011

NOITES BRANCAS

Noites Brancas – Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski

A solidão vivida por pessoas que habitam grandes cidades é narrada por Dostoiéviski no livro Noites Brancas. Em decorrência, vêm os sonhos de firmar relacionamentos fortes e duradouros. Assim, o autor constrói o protagonista da história.

Diz ele: E as pessoas abanam a cabeça e murmuram: “Como os anos passam depressa!” E perguntam ainda: “Que fizeste durante esse tempo? Chegaste realmente a viver ou não?” “Olha”, dizemos para nós mesmos, “repara que frio faz neste mundo. Basta que passem mais uns anos para que chegue a espantosa solidão, a trêmula velhice que traz consigo a tristeza e a dor. O teu mundo fantástico há de perder então as suas cores, murcharão e morrerão os teus sonhos, e, como as folhas amarelas que tombam das árvores, também eles se desprenderão de ti...”

O sonhador, protagonista da história, manifesta, com sutileza, que as imposições da vida não podem ser ignoradas, apesar de seguir contemplando a possibilidade de viver experiências em uma atmosfera fantasiosa de devaneios.

Em uma das noites brancas de São Petersburgo o tímido sonhador conheceu Nástienhka, jovem, ingênua, e também sonhadora, que derramava lágrimas apoiada em uma balaustrada, à espera de um prometido amor. Durante quatro noites brancas os dois de encontram e trocam confidências, até que ele, o sonhador, resolve expor seu encantamento pela jovem que tinha uma vida restrita a satisfazer os caprichos da avó. O diálogo é meloso, digno de jovens apaixonados, que sonham por um mundo romântico. Os encontros se resumem a experimentar a satisfação da proximidade, do diálogo, e do toque, beirando ao amor platônico.
O personagem romântico constrói juntamente com Nástienhka uma atmosfera fantasiosa, capitaneado pelos desejos de um mundo fictício, criado por sonhos, que termina norteando um diálogo sentimentalista.

De volta à realidade, o sonhador se vê desiludido, em um quarto escuro e sujo, e diz: “Talvez a culpa de tudo isso fosse aquele raio de sol que de súbito surgiu por entre as nuvens, para logo depois voltar a esconder-se por detrás de outra ainda mais escura, que anunciava chuva, de tal maneira que todas as coisas se tornaram ainda mais lúgubres e mais sombrias...”

Percebe-se, que o personagem, desiludido, utiliza-se das noites brancas de São Petersburgo para estabelecer relação de perspectiva, prevendo dias mais sombrios e sem sonhos. Apesar do sentimento de dúvida a respeito de novos momentos de felicidade, conclui que os vividos com Nástienhka foram verdadeiros e induz o leitor a acreditar que a felicidade não é eterna, contudo pode ser experimentada em momentos da vida.

O título da obra Noites Brancas se refere a um fenômeno comum na Europa em que, mesmo à noite, o sol não se põe completamente.

Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski - Nasceu em Moscou, em 1821. Cursou engenharia e estreou na literatura em 1845. Foi condenado à morte em 1849, por envolvimento com política liberal. Minutos antes do fuzilamento, sua pena foi modificada por um período de exílio na Sibéria. Morreu em São Petersburgo, em 1881. É autor de Irmãos Karamazóv, O Jogador, Notas de Subsolo, O Eterno Marido, e Recordações da Casa dos Mortos. É considerado o mais importante romancista russo.

FONTE: http://visaoliteraria.blogspot.com/2009/08/noites-brancas-fiodor-mikhailovitch.html

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