sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Sobre a Felicidade, de Epicuro e Meditações, de Marco Aurélio

Quando se pensa em Epicuro, encontra-se um filósofo cuja proposta maior era alcançar a paz de espírito. E como se busca isso na vida?! Contudo, poucos conseguem aplicar os meios necessários para se viver essa paz. Para o filósofo grego, do século IV a. C., era viver bem sem nenhum medo ou perturbação, sem nenhuma dor. Só assim o homem poderia alcançar a felicidade. E como? Vejamos um exemplo: a morte como fonte de angústia. Para ele, “a morte não é nada”. Afinal, todo bem e todo mal traz suas sensações, e a morte é simplesmente a privação dessas sensações. Quem não acha nada de terrível na morte, não achará nada de terrível na vida, portanto, não devemos temer algo que é a ordem natural das coisas, nem ter “desejo” de imortalidade, pois, se estamos vivos a morte não existe, e, uma vez mortos, a morte não significa nada. Por aqui, já temos um bom começo para pensar a Carta sobre a Felicidade e o que move a nossa dor e o nosso prazer...
Por sua vez, Marco Aurélio, o imperador-filósofo (121-180 d.C.), e contemporâneo do apogeu do Império Romano, tinha como objetivo em suas “meditações” pensar sobre si mesmo e o ambiente que envolvia os bastidores da Roma Imperial. Mais do que apontar regras de comportamento para os outros, Marco Aurélio era um estoico, e, como tal, sabia que nenhum homem estava isento de algum vício, portanto, fundamental era pôr em prática os princípios de uma filosofia cosmopolita como o Estoicismo, buscando comandar os rumos do Império em consonância com as leis do universo – Razão maior que dirige todas as coisas. Assim, Meditações reflete uma proposta a ser aplicada em relação às mais variadas situações da vida vividas pelo imperador. Não é um livro que requer uma leitura linear, é mais um diário onde Marco Aurélio registrava qualquer coisa que lhe parecesse digna de reflexão, inclusive os mistérios da vida e da morte do homem.
Assim, levadas em conta as devidas diferenças entre o Epicurismo e o Estoicismo, numa obra e noutra temos a oportunidade de voltar aos “antigos” e refletir como pensavam questões essenciais da vida humana e que continuam prementes ao homem de todos os tempos. Porém, enquanto para os epicuristas a busca da felicidade passa pelo prazer, desde que moderado e não traga dor, para os estoicos, a felicidade vem da busca da harmonia entre Deus e a alma, e a necessidade de se viver de acordo com a natureza e com a razão. Fora desta perspectiva o homem não pode ser de fato feliz.

Neste sentido, ainda hoje podemos extrair reflexões importantes do Epicurismo e do Estoicismo, sendo que uma delas é que a verdadeira felicidade deve ser antes uma busca realizada com sabedoria.