segunda-feira, 30 de abril de 2012

Acho que já dá gostinho de discussão para maio!

O Presidente Negro. Um livro assustador

mai 12, 2008 by     51 Comentários    Postado em: Economia
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Será Barack Obama o primeiro presidente negro dos EUA,
previsto por Monteiro Lobato em 1926?
Tive que ir a Brasília para uma reunião, neste final de semana, e aproveitei as sempre entediantes horas de espera em aeroportos e vôo para ler O Presidente Negro, de Monteiro Lobato. Há tempo estava curioso sobre este que é o único romance escrito pelo fabuloso criador do Sítio do Pica Pau Amarelo, Reinações de Narizinho, Jeca Tatu e tantas outras obras que ninaram e continuam ninando a infância de várias gerações brasileiras. Vou dizer uma coisa a vocês: O Presidente Negro é um livro assustador.
Assustador em vários sentidos. Primeiro pelo caráter premonitório da obra. Em 1926, Lobato prevê a invenção de um tipo de radiotransmissão de dados que possibilitaria o ser humano a cumprir suas tarefas da própria casa e sem a necessidade de se deslocar para o trabalho. Fala também do desaparecimento do jornal impresso porque as notícias serão “radiadas” diretamente para a casa dos indivíduos e aparecerão em caracteres luminosos numa tela – exatamente como acontece com quem está lendo esse texto. Em uma palavra atual: internet.
Mas as premonições não param por aí.
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Terá sido o criador da boneca Emília um nazi-facista?
Às vésperas de viajar para os Estados Unidos como adido comercial da embaixada brasileira, Monteiro Lobato preconiza a eleição de um presidente negro nos EUA. O momento político (no ano de 2228) que possibilitaria isso viria da divisão da raça branca, entre um candidato do Partido Masculino (Kerlog) e uma candidata do Partido Feminino (Evelyn Astor). A neofeminista Evelyn Astor está com a vitória praticamente garantida e eis que surge o líder negro Jim Roy, que acaba eleito presidente.
Uma assustadora semelhança entre o que acontece hoje nas eleições ianques. Será Barack Obama o Jim Roy de Lobato?
Não vou contar aqui o desfecho da obra, mas adianto que a raça branca se une para evitar que Roy (Obama?) assuma o poder.
A obra é ainda mais assustadora por causa de uma eloqüente defesa da eugenia. O sensível criador da boneca Emília faz uma argumentação extensa, na boca de vários personagens, das vantagens de leis que eliminem da sociedade surdos, mudos, deficientes, tarados, ladrões prostitutas e toda sorte de aleijados físicos e morais. Uma purificação racial levada às últimas conseqüências.
A defesa da eugenia é tão efusiva e, em alguns momentos, despropositada que sugere fortemente ser um ideal não dos personagens mas, sim , do autor. Terá sido Monteiro Lobato um nazi-fascista?
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O livro está em promoção no Submarino, clique na capa se quiser comprar
De qualquer forma, é um livro de leitura atualíssima. Recomendo muitíssimo.



fonte: http://acertodecontas.blog.br/economia/o-presidente-negro-um-livro-assustador/

Notas sobre a obra de abril - Pauliane Godoy

Como não pude estar presente, deixo aqui para o grupo algumas anotações que fiz para a discussão:

* Deus de forma diferenciada. Humanização????
*Morte (**** recorrente a presença**)
* O presente da humanidade sempre ressaltado como algo ruim. Visão pessimista da realidade humana????
*Referências diversas, tanto a pessoas quanto a lugares.
*Levanta sempre a questão de contrários: dúvida e certeza
* Tríade - forte presença
*Animais como forma de análise da natureza humana.

Poemas preferidos em ordem de preferência: (rs)

1º- Á porta (página 114)
2º- A fala de Deus (página 51)
3º- Véspera (páginas 123/124)


Espero que os colegas possam responder meus questionamentos!
Abraços a todos!!!!

domingo, 29 de abril de 2012

Ata do encontro de Abril



Hoje, aos 29 dias do mês de abril, em minha casa, estivemos em comunhão de pensamentos e divagações os integrantes do Grupo Prazer da Leitura Carla Machado, Marcelo Novais, Raphael Reis e Marcos Godoy. Entre leituras de poemas e observações quanto à polítca(?) de formação de leitores em nosso país, discutimos a obra do poeta e jornalista Affonso Romano de Sant'anna, intitulada Sísifo desce a montanha. Morte, vida, enigmas e cotidiano.
Há que lembrar a presença da integrante Pauliane Godoy, cuja ausência física foi compensada pelo delicioso bolo de chocolate feito por ela e oferecido ao grupo. Para fechar o encontro, um mergulho no mundo do teatro com a presença dos integrantes na adaptação do GTMG da obra de Jean-Paul Sartre, "Entre quatro paredes".
Para o próximo encontro o livro escolhido foi O Presidente Negro de Monteiro Lobato.

Para fechar, o poema que encerra o livro do escritor.

EXERCÍCIO DE FINITUDE:

Só a ausência
(a ausência plena)
é plenitude
Affonso Romano de Sant'anna

sábado, 21 de abril de 2012

ENTREVISTA COM AFONSO ROMANO DE SANT''ANNA

A obra literária em destaque deste mês para o nosso grupo literário é Sísifo desce a montanha, do entrevistado em questão. Sendo assim, se faz mister apreciar uma entrevista do escritor concedida a Roberto D'Ávila em seu programa Conexão Roberto D'Ávila, um dos programas de entrevista mais importantes da televisão brasileira.  Boa entrevista e boa leitura a todos!!!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Carnaval e Carnavalização


brasil

O Zé Pereira chegou de caravela

E preguntou pro guarani da mata virgem

- Sois cristão?

- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte

Teterê tetê Quizá Quecê!

Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!


O negro zonzo saído da fornalha

Tomou a palavra e respondeu

- Sim pela graça de Deus

Canhem Babá Canhem Babá Cum cum!


E fizeram o Carnaval.


(Oswald de Andrade, em Poesias reunidas, p, 169.)

A teoria da carnavalização, criada por Mikhail Baktin, refere-se à transposição da cosmovisão carnavalesca para a linguagem literária e foi elaborada levando em conta os modelos do carnaval e da cultura popular medievais. Todavia, se considerarmos as simbologias, imagens e ações carnavalescas em seus significados (momentânea inversão de papéis, a noção de mundo às avessas, aproximação de opostos pela ruptura da hierarquia habitual), amplamente discutidos por Bakhtin, podemos, a partir deles, encontrar e compreender o uso de estratégias carnavalizadoras em um romance peruano do século XX: a necessidade de expor a miríade de vozes contrastantes e de denunciar os problemas enfrentados por uma população cotidianamente acuada pela miséria justificam a utilização da carnavalização.

(Lira Arão. Carnavalização em história de garabombo, o invisivel, de Manuel Scorza)



O Carnaval, no Brasil, é a festa do povo por excelência. Como povo deve ser entendida, necessariamente, a totalidade das mulheres e dos homens brasileiros. A despeito da pluralidade de aspectos atinentes à festa carnavalesca, em virtude da multiplicidade do povo que habita o país, verifica-se a singularidade quanto ao sentimento, generalizadamente, vivenciado durante o evento nacional. No âmbito da cultura brasileira, a extinção peremptória do carnaval representaria o desmantelamento da coesão social, dado o aspecto aglutinador ostentado pela festa popular.

A coesão social em comento, bem como a integração espacial do território, são circunstâncias extrínsecas ao fenômeno carnavalesco; ao carnaval, entretanto, são atribuídos recursos simbólicos que promovem o sentimento de comunitarismo e de pertencimento, fulcrais para a manutenção da citada coesão. Ao carnaval, nesse sentido, cabe a responsabilidade de aglutinar demandas sociais, em larga medida concorrenciais, de modo a equalizar disparidades engendradas pelas circunstâncias históricas e geográficas.

As diferenças de toda ordem, sociedade, economia, cultura, religião, território e raça, e as idiossincrasias advindas da manifestação dessas disparidades recebem nova formatação. Durante o carnaval, segundo essa perspectiva, as diferenças são revertidas, a fim de permitir ao homem travestir-se de mulher, ao proletário imaginar-se burguês, e ao negro morador de comunidade desfilar pela zona nobre da cidade ocupada pelos brancos. O fenômeno carnavalesco, desse modo, não poderia ser afastado da dinâmica sociocultural brasileira, sob pena de destruição da base social a que provê sustentação.

Gilberto Freyre, cuja obra é intitulada Casa-Grande & Senzala, de modo exaustivo, explicita o cabedal teórico referente à miscigenação das três raças, ameríndia, branca e negra, na formação do povo brasileiro. Com o advento do Modernismo, Oswald de Andrade, a seu modo, propõe a invenção de uma literatura genuinamente brasileira por meio da justaposição de palavras e de sons oriundos dos idiomas das três raças que formam o Brasil.

A literatura provê exemplos da relação estreita existente entre carnaval e cultura no âmbito de produção artística brasileira. Clarice Lispector, em seu conto “Felicidade Clandestina”, apresenta uma protagonista cuja epifania é desencadeada no momento em que recebe uma rosa durante uma festa de carnaval. A autora, certamente, sabia do poder aglutinador do carnaval e do impacto que a cena descrita revela, ao ambientá-la durante a festa carnavalesca. A pintura, a seu turno, também integra o ramo artístico envolvido com o fenômeno carnavalesco brasileiro. Tarsila do Amaral, em seu quadro “Carnaval”, apresenta a mais famosa torre francesa, transfigurada por adornos carnavalescos, rodeada de negros brasileiros em contemplação. A escolha pictórica da artista reforça o poder da temática carnavalesca no ideário cultural brasileiro.

Resta comentar a teoria da carnavalização de Bakhtin. Conforme aventado pelo filólogo russo, acredita-se que a transposição da carnavalização para a literatura, do grotesco, da ironia, do estapafúrdio, como fez Oswald em “brasil”, presta-se a um fim colimado e específico: a subversão momentânea da ordem, durante o carnaval, para garantir a manutenção da ordem no porvir. Consoante essa interpretação, negar o carnaval ao povo brasileiro poria em risco a continuidade da ordem social estabelecida.

A coesão social brasileira, bem como a carnavalização na literatura e oturas formas artísticas, estão, desse modo, inter-relacionadas. A aglutinação de valores brasileiros perpassa a coexistência durante o carnaval, sendo essa festa expoente máximo da miscigenação étnica e da manutenção da ordem social.

Marcos Vinícius Ferreira de Godoy



domingo, 15 de abril de 2012

Poesia não é artigo de primeira necessidade, mas todo mundo adora


ENTREVISTA/THEREZA CHRISTINA ROCQUE DA MOTTA, editora, poeta e tradutora

Por BRUNO CALIXTO
Integrante do grupo seleto de tradutores de Shakespeare no Brasil, a paulista Thereza Christina Rocque iniciou sua busca por aventuras pelo mundo editorial pelas "frestas" da Universidade Mackenzie, onde se formou em direito. Hoje, Thereza é a proprietária da Editora Ibis Libris, no Rio, autora de 12 livros de poesia e duas publicações em que consta a tradução dos 154 sonetos deixados pelo autor inglês.
Há 12 anos morando no Rio, ela esteve em Juiz de Fora durante a Páscoa, para visitar poetas e amigos locais, e conversou com a Tribuna sobre seu ofício.
Tribuna - Poeta por opção, advogada por formação e editora e tradutora por profissão. Como a palavra entrou na sua vida?
Thereza Motta - Desde pequena, quando minha mãe lia poemas para mim. Aos 8 anos, ela leu "Meus 8 anos" de Casimiro de Abreu, que ele escreveu aos 8 anos. "E se ele escreveu um poema aos 8 anos de idade dele, a idade que você está fazendo hoje é muito importante", disse ela. E isto me impactou. Ela gostava muito de poesia, e sempre tinha um poema para ler. Com 15 anos de idade, li Clarice Lispector - "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres" - e tomei a decisão: vou ser poeta. É um livro de iniciação da mulher em sua feminilidade, e me identifiquei com isso de maneira espontânea, esse romance dela é revelador.
- Antes de Shakespeare, quais foram os autores que você traduziu?
- Comecei a traduzir romances, livros de autoajuda e tudo o que surgia no mercado para traduzir. A primeira foi para a Editora Lacerda chamado "Instrumentos da noite" (de Thomas Cook) um best-seller americano, um livro policial, depois fiz um segundo livro, comecei a traduzir para a Ediouro, incluindo "Marley & eu", isso por volta de 2006.
- Da tradução para a publicação de livros...
- Um amigo queria musicar um soneto de Shakespeare em português e meu me pediu para traduzi-lo. Nunca gostei das traduções que lia de sonetos e sempre quis fazer, mas achava que não tinha conhecimento de Shakespeare o suficiente. Ao fazer essa tradução, gostei e parti para outras. Me dei então o trabalho de estudar para traduzir poemas e cheguei aos "44 sonetos", meu primeiro livro.
- Qual foi a maior dificuldade em traduzir os sonetos de Shakespeare?
- Escolher o caminho, porque eu não queria fazer como os outros, não queria metrificar e rimar, mas reproduzir o conteúdo. Isso era mais importante para mim, perdia o soneto, mas ganhava o poema. Não queria de forma alguma seguir escola, não sou acadêmica. Li traduções muito duras e erradas, para poder rimar colocam palavras que não são verdade. Não foi o que Shakespeare escreveu, e eu queria ser fiel a ele. E como sei inglês e sou poeta, acho que a tradução de uma poesia tem que passar por um poeta. Quando comecei a mostrar às pessoas as traduções que vinha fazendo, elas falavam que finalmente entendiam Shakespeare. Evidentemente caíram em cima de mim, por causa da minha tradução poética.
- Como foram as vendas?
- Estou na segunda edição do último já. Depois que fiz os 44, um amigo sugeriu traduzir os outros 110 que faltavam. Passei dois anos fazendo isso. E tinha um propósito, 400 anos da primeira edição (1609 - 2009).
- Com o desenvolvimento da internet, houve o aumento de traduções livres, muitas vezes anônimas. Até que ponto a web é benéfica para o mercado?
- Quando comecei a criar versões em inglês dos meus poemas, postava em blogs de poetas americanos e mandava por e-mails. Esse grupo evoluiu para outros. De tanto postar isso, passei a escrever em inglês, os poemas começaram a sair em inglês. Foi espontâneo, mas levou nove anos para meu cérebro fazer esta mudança. Aí publiquei um livro só com poemas em inglês em 2002.
- Alguma tradução em vista?
- Vou lançar em breve a tradução de um livro de poemas da Anne Morrow Lindbergh, poeta americana que faleceu em 2001. Ela era mulher do aviador Charles Lindbergh, que atravessou o Atlântico em 1927. E ela escreveu um único livro de poesia, era uma autora muito querida nos EUA. Ela teve Alzheimer no final da vida e já não tinha mais lembrança nenhuma.
- Sobre sua experiência como editora, que veio na faculdade, como foi o primeiro contato com o poeta juiz-forano Fernando Fiorese?
- Comecei na década de 80 a publicar os livros do grupo de poetas que estudavam na Mackenzie, era editora do jornal "Análise" do DCE. A partir daí, fundei um grupo de poetas (ECO), e já fazíamos antologias. Promovemos três concursos nacionais de poesia, entrando em contato com todos os poetas do país, e um desses poetas foi Fernando Fábio Fiorese Furtado. Ele ganhou o concurso em 1982 entre mais de 600 participantes e três poemas de cada um, portanto 1.800. Ele ficou em primeiro lugar. Mantivemos contato por cartas, e só fui conhecê-lo pessoalmente anos depois, quando lançou um livro no Rio.
- Mantém ligação com Juiz de Fora?
- A última vez que estive aqui foi há dez anos, quando vim para rever o Fiorese e conhece Iacyr (Anderson Freitas) e Edmilson (de Almeida Pereira). E, recentemente, Gustavo Goulart, poeta que já publicou dois livros e está no próximo. Assim que ele terminar de escrever, vamos publicar. O Gustavo tem a capacidade de produzir mais com menos, e isso me chamou a atenção. Como é que uma pessoa consegue escrever de maneira sintética e completa? Um poema não precisa ser longo para ser bom, e curto demais não dá para entender. Tem que ter essa habilidade. Só o poeta consegue escrever tudo em poucos versos.
- Como define a poesia produzida por aqui?
- Conheço menos a poesia do Edmilson e do Iacyr, mas tenho os livros. O Iacyr é uma pessoa que me fala diretamente, o Fernando é uma pessoa que tem um trabalho que gosto demais. São poetas que sempre tenho como referência, como agora quando decidi vir a Juiz de Fora para visitar poetas.
- Qual a relação da poesia com o amor?
- O amor é o que faz o poema. Você só escreve o poema porque está em estado de amor. Ou porque busca o amor ou acha que encontrou. Realmente, minha temática são poemas inclinados a um ser amado. Consegui montar uma peça de teatro, em que há um diálogo amoroso e poético entre um casal que discute a sedução. Toda a construção parece um diálogo, mas é um poema.
- Por que escreveu "Os dez mandamentos do livro"?
- Faço livros há 30 anos. A minha editora tem 12, mas no trabalho da editora enfrento vários percalços. O ofício de fazer livros demanda dedicação, principalmente os livros que publico, que são de poetas de "primeira viagem". Então resolvi escrever dicas editoriais, contando como é lidar com esses autores, porque todos eles têm os mesmos medos, as mesmas dificuldades. Além de lidar com isso de maneira lúdica, resolvi escrever os mandamentos para orientar sobre o que é importante o autor saber antes de publicar seu primeiro livro. Acontece muito de um escritor querer a atenção exclusiva do editor, e aí eu digo para ele "querido, para você pode ser só este livro, para mim existem dez". Nenhum é menos importante, mas são todos filhos. E isso o autor não entende, e a falta de atenção que o autor imagina que o editor deu a ele é motivo de muitas brigas.
- E quais são os "mandamentos" do editor?
- É fácil errar. Você manda tudo direitinho para a gráfica, eles conseguem fazer as coisas mais mirabolantes. Cada susto. Até escolher a gráfica certa, acertar a diagramação... é uma briga. São percalços que o autor vai passando mesmo. Enquanto você tiver querendo trocar palavra, o livro não está pronto. O livro não é qualquer coisa, mas um ser. Um ser que tem suas próprias vontades. Você, autor, é intermediário, não é o dono do livro, porque ele é imortal e você não. E como vai guardar a sua palavra não pode ter erro. E se está atrasando é porque ainda tem erro. Seja um feriado ou qualquer imprevisto, é o livro falando. O curioso é que os editores não contam o que acontece com eles, por isso criei também os dez mandamentos do editor. A primeira regra é "não acredite em tudo o que o autor diz".
- Qual é sua opinião sobre crítica literária feita atualmente no Brasil?
- A pseudocrítica. Não existe mais a crítica, como há muitos anos. Hoje é muito de panela. A gente sente que tem divisões de pessoas, e isso é antiprofissional. O livro merece crítica, independentemente se você gosta ou não do autor.
- Você se sente bem-sucedida?
- Eu como pelas beiradas. Vendo aquilo que quase ninguém quer publicar e muito menos ainda quer consumir. Poesia não é artigo de primeira necessidade, mas todo mundo adora. Já me perguntaram se eu era doida por publicar poesia, mas existe um mercado que é underground, porque ninguém fala que sai para comprar livro de poesia. Como vendo poesia há 30 anos, sei que vende, só que não vende milhões de uma vez só. É sempre aos poucos, mas constante. Foi assim que esgotei três edições do meu livro de poesias. E três edições para um livro de poesias é muito. De mil exemplares de "Areal", só haviam três, um num sebo em Juiz de Fora. Comprei todos.
- E quanto à Ibis Libris, quais são as próximas apostas?
- Estou com um livro da Astrid Cabral, uma poeta com bastante tempo de experiência. Tem outros títulos sobre cultura, que abrange artes, como música, teatro, inclusive estamos prestes a editar o livro dos 70 anos de Caetano, que é um mestrado que vai ser publicado. Mesmo sem verba vamos fazer, porque não vou perder a chance.