terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ciências Sociais seleciona bolsistas para Parlamento Jovem de Minas

Promover uma reflexão sobre a importância da participação política na construção de uma sociedade e estimular o debate e a pesquisa de assuntos relacionados a legislação. Este é um dos objetivos do Parlamento Jovem de Minas, de Juiz de Fora. O projeto, desenvolvido pela Câmara Municipal, por meio do Centro de Atenção ao Cidadão (CAC) e pelo curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), está selecionando bolsistas que tenham interesse em atuar como monitores nos trabalhos realizados em escolas do ensino médio das redes pública e privada da cidade. As inscrições deverão ser feitas até a próxima quinta-feira, dia 26, entre 14h e 17h, na sala 20, bloco A, no quarto andar do prédio novo do Instituto de Ciências Humanas (ICH), no campus, ou pelo e-mail mendes_rocha@yahoo.com.br.
No ato da inscrição, os candidatos deverão apresentar uma carta de intenção, contendo os motivos que os levaram a participar do projeto e o histórico acadêmico. Poderão participar da seleção estudantes regularmente matriculados no curso de Ciências Sociais e graduandos que tenham cursado pelo menos os três primeiros períodos do Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas. Os monitores serão responsáveis pela organização de oficinas teóricas e práticas, pela organização dos Grupos de Trabalho, entre outras atividades.
De acordo com a coordenadora do projeto na UFJF, professora Marta Mendes, “o programa contribui para a formação acadêmica, à medida que oferece aos graduandos a possibilidade de desenvolver na prática questões relacionadas à profissão”. No entanto, Marta ressalta que os principais beneficiados com a ação são os alunos das escolas participantes. “É a primeira experiência que eles têm com a política. Esse contato mais próximo desperta o interesse pelo assunto e ajuda a criar cidadãos mais conscientes.”
A seleção ocorrerá entre 7 e 9 de fevereiro. Os candidatos serão submetidos a uma entrevista com a professora, Marta Mendes e com o sociólogo da Câmara Municipal de Juiz de Fora, Sérgio Dutra. No total serão oferecidas sete bolsas, no valor de R $240. O projeto tem duração de cinco meses, com carga de 20 horas semanais.
Parlamento Jovem de Minas
O projeto teve início em Belo Horizonte, e há dois anos foi instalado em Juiz de Fora. Um dos principais objetivos da iniciativa é despertar o interesse dos jovens estudantes pela política. Por meio de discussões e debates, os alunos elaboram diversas propostas que são encaminhadas para o Parlamento Mineiro. Além disso, os estudos podem contribuir para as legislações municipais. Atualmente,12 cidades do interior do estado adotam o programa.

Acesse aqui o edital completo para seleção de bolsistas para o Parlamento Jovem de Minas
http://www.ufjf.br/ich/files/2012/01/Edital-bolsistas-PJ-2012.pdf
Outras informações: (32) 2102-3204 (Ciências Sociais)
www.ufjf.br/graduacaocienciassociais

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto: uma homenagem



Para evocar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto e o 67.º Aniversário da Libertação de Auschwitz (27 de janeiro de 1945), disponibilizo o conto Memórias de Auschwitz, de minha autoria, o qual faz parte da obra "Contos que Machado de Assis e Jorge Luis Borges Elogiaram".

Conto: Memórias de Auschwitz, de Raphael de Oliveira Reis

Ao levantar pela manhã, inquieto, fez reflexões sobre a consciência divina. Pensava que poderia ser acessada, embora não soubesse como. Aquilo lhe consumia grande tempo e energia.
Penso que se fosse possível seria algo extraordinário, pois ela é a única a organizar na memória passado, presente e futuro. Ou seja, sabe exatamente o que aconteceu, o que acontece e o que vai acontecer.
Deste fato perturbador, o homem concluiu algumas premissas que não levam absolutamente a nada, mas tenho que colocar por escrito para ser fiel ao pensamento dele. São elas: 1º) se Deus já sabe o que vai acontecer no futuro, os homens não possuem liberdade, livre arbítrio; 2º) se Deus não sabe o que vai acontecer no futuro, então ele não está no tempo e muito menos é onipresente; 3º) se o futuro lhe é reservado, todavia não pode intervir no que já aconteceu, mesmo que isso não tenha ainda se concretizado na temporalidade do presente; 4º) porque deixar os seres humanos fazer tantas coisas catastróficas, mesmo já sabendo que eles farão? Talvez porque já conheça a natureza do homem, imperfeita; 5º) mas se a natureza do homem foi Deus quem criou, seria Deus imperfeito?
Caro leitor, paro por aqui porque tais reflexões são premissas sofistas que não permitem conclusões e pouco me agradam. Deixo as reflexões deste homem, assim como meus pensamentos a respeito para outra hora e ocasião.
O que é oportuno dizer é que após abandonar as reflexões deste homem inquieto, fui até o seboQuarup, na Rua Padre Café, comprar um livro qualquer para leitura de férias. De férias, porque nesta ocasião a leitura é diferente; é feita por divertimento, lazer, sem obrigação.
Ao chegar ao dito sebo, o vendedor, infelizmente, me reconheceu tinha acabado de publicar um livro de Contos intitulado Contos de um Palimpsesto. Digo infelizmente pelo fato dele querer conversar sobre vários autores, como se eu os conhecesse profundamente. Resultado: saí do sebo com o volume I d' As Mil e Uma Noites.
Mas não é este o fato mais interessante. A compra me custou meros R$ 5,00; uma leitura deliciosa e um documento raríssimo- que estava perdido em uma das folhas – nem imagino como foi parar ali. Era uma carta manuscrita, em alemão, de um dos sobreviventes do Campo de Concentração polonês, Auschwitz, contando a história de dois irmãos judeus naquele campo.
Devido ao fato de somente eu ter este manuscrito, e não vendê-lo por nada deste mundo, – às vezes penso doar para algum museu. No entanto, enquanto ainda não faço isso, revelo algumas informações.

* * *
Em 1943, a família de tradição judaica foi levada em nome da superioridade da raça ariana, do preconceito, pela culpabilidade do desastre da 1º Guerra Mundial, ao Campo de Concentração de Auschwitz (Polônia), após uma tentativa de fuga na fronteira com a Hungria. Foram levados pelas tropas nazistas até Auschwitz I. A viagem foi cansativa, não menos cansativo o que estaria por vir. Ao chegarem à entrada, o portão principal continha o seguinte inscrito:Arbeit macht frei ,ou seja, o Trabalho Liberta – somente as pessoas que passaram por ali sabem o real significado dessa frase.
A Família de quatro pessoas: os pais Aron Veil e Anne Veil e os filhos Schumel Veil, 12 anos e Muller Veil, 14 anos, foram identificados: cada um com seu número, uniforme listrado e cabeças
raspadas. Os pais, além de serem judeus, eram intelectuais que trabalhavam na Universidade de Berlim e eram contrários ao regime Nazista.
A família foi separada. Os filhos foram levados ao campo de Auschwitz II, conhecido como Birkernau, ficando juntos aos outros garotos, judeus e ciganos. O pai Aron Veil foi levado ao bloco 11 de Auschwitz I, o qual era destinado às experimentações e sua esposa, ao bloco 24 de Auschwitz I, onde eram selecionadas as presas mais bonitas e saudáveis para satisfazer os impulsos sexuais dos soldados. Sabendo disso, o esposo, não aguentando a separação dos filhos e o destino da mulher, na primeira oportunidade se jogou ao encontro dos arames eletrificados. A respeito de Anne, a carta não fala mais nada, só o fato de que fora levada ao referido bloco.
Quanto aos meninos, além da separação, do medo constante, os adolescentes, em sua inocência, sentiram o rigoroso frio do inverno alemão. Assustados, nunca olhavam para cima, daí só visualizarem a neve, a cerca e as botas dos soldados. Entre gritos e empurrões foram levados a uma das construções de Birkernau, uma espécie de dormitório.



Os dormitórios eram barracas feitas de madeira préfabricada. Dentro de cada barraca havia os beliches de madeira. O espaço destes era apenas o suficiente para ser ocupado por um único corpo que encontrava dificuldades para mover-se devido aos companheiros do lado.
Ao chegar a noite, os meninos trataram de arrumar um espaço para deitar. Amedrontados, nem olharam para os outros garotos. Muller, o mais velho, abraçava o irmão mais novo numa tentativa de passar segurança.
As luzes se apagaram, veio o silêncio, Schumel chorava. Muller, tentando confortar o irmão e a si mesmo, passou a lhe contar uma história, com o intuito de que o irmão dormisse. Contou certa história de um príncipe e uma raposa, obra lançada e lida por Muller meses antes de ser levado ao campo de
concentração.
Tal narração era tão envolvente que outros meninos pediram para que ele a contasse mais alto. Resultado: passaram a noite escutando a narrativa de O Pequeno Príncipe, e a partir daquele momento, foram cativados.
Pela manhã, os soldados levaram a ração. Os garotos comiam com as mãos as rações deixadas nos pratos com tamanha rapidez que dava a impressão de serem cães famintos. Depois foram levados para o campo de trabalho pelo comboio de soldados. A tarefa de Schumel e Muller era esperar outros dois colegas preencherem o carrinho de mão com areia, e depois empurrá-lo até outro ponto onde era descarregado.
Ao final do dia, já cansados pelo exaustivo trabalho, sentaram no chão. Imediatamente foram repreendidos pelos gritos e tapas dos soldados nazistas. Levantaram rapidamente e começaram de novo o repetitivo trabalho. Entenderam, então, o porquê de todos os garotos serem muito magros e comerem alvoroçadamente.
A noite chegou e como recompensa para o lazer que não tinham, os garotos pediram a Muller mais uma história que Schumel consentiu com um leve sorriso. Müller disse aos garotos:
– Vocês vão ter a melhor história do mundo, a do Cavalheiro Dom Quixote de la Mancha. Como a história era grande demais, Muller a adaptou. Levou mais cinco noites para terminá-la. Ao fim, todos o aplaudiram. O barulho foi tão grande que os soldados entraram na barraca para saber o que estava acontecendo. Ao abrirem a porta de madeira, o ruído desta alertou os meninos que imediatamente voltaram para os seus respectivos lugares.
O gosto pela história foi tanto que levou um garoto chamado Ian, de 15 anos, a pensar que era Dom Quixote. Pela manhã, Ian disse aos garotos que todos eles estavam encantados pelos soldados, por isso, estavam com as cabeças raspadas, roupas listradas e com números.
Na hora do almoço, Ian tomou em suas mãos uma pedra e, de um lugar que ninguém o via, a atirou na cabeça de um dos soldados. O sangue escorria pela cabeça do soldado, que enraivecido, procurava quem tinha feito aquilo. Como não conseguiu identificar o dono da travessura, pegou um garoto de nome Frank e lhe deu alguns socos para servir de exemplo. Ian ficou desesperado. Chorando, chegou perto de Frank e lhe pediu desculpas.
– Desculpas por quê? Foram os melhores socos que já tomei. Não me reconhece, sou o bom escudeiro Sancho Pança.
Todos sorriram. Na sétima noite, Muller, a pedido de Schumel, contou a história de Aladim. A lua clareava um pouco a choça e, com isso, podiam ver os rostos uns dos outros.
Terminada a história, Muller inovou:
– Essa pedrinha que vocês estão vendo em minhas mãos está dotada de poderes mágicos. Quem quer experimentar e realizar o primeiro desejo?
– Eu, disse Frank.
– E o que você quer, garoto Frank?
– Quero brincar de amarelinha.
– Pois bem, garoto Frank. Seu desejo é uma ordem.
Então, Muller riscou com a pedra o chão e desenhou uma amarelinha - todos se divertiram por alguns instantes.
– Eu quero ser o próximo, disse Hosberg.
Esfregou as mãos na pequena pedra e disse:
– Quero que todos sejam meus amigos para sempre.
Todos aplaudiram e consentiram num grande sim.
– Por último, quero que meu irmão Schumel faça o pedido, disse Muller. Schumel, cabisbaixo, mas esperançoso, tomou a pedra do irmão; duas lágrimas escorreram de seus olhos.
– Quero ver papai e mamãe.
O silêncio penetrou em todos. Muller e Schumel se abraçaram, caíram de joelho no chão e, abraçados, choraram longamente. Todos os outros garotos se abraçaram; caíram várias lágrimas silenciosas.
Sem mais nenhuma palavra, foram dormir.
Naquela madrugada entraram quatros soldados armados. Ascenderam as luzes e mandaram todos se levantarem – no que de pronto foram atendidos. Esvaziaram aquela choça, deixando somente 10 garotos, os mais fortes fisicamente.
Após entrarem na fila, levados pelo medo e pela sensação do que iria acontecer, Schumel deu a mão direita ao irmão, apertando-a. Antes de entrar no recinto que os soldados indicavam com as mãos, foram obrigados a se despirem. Em seguida, entraram todos por uma porta de aço. Todos os garotos olharam para os dois irmãos de mãos dadas. Encaravam Muller, na expectativa de algo.
– Não se preocupem amigos. Lembra-se de Dom Quixote? Esta é só mais uma aventura.
Os garotos se abraçaram em uma grande roda. Do teto, veio o gás Zyklon B. Do crematório, a fumaça. Da barraca ondese encontravam os 10 garotos remanescentes, a tristeza.



* * *

O autor deste relato é Frank, um dos 10 garotos selecionados naquele dia para continuar a viver, ou melhor, a trabalhar no campo. Além disso, foi o escolhido pelos soldados para conduzir os amigos até a câmara de gás. Viu tudo pela pequena vidraça da porta de aço. Após muito tempo, decidiu escrever o conteúdo que vos relatei – a carta está datada no ano de 1952. Enviou a carta a um tio que estava refugiado no Brasil.
As notícias que se tem sobre Frank é que ele ficou no campo por mais dois anos, quando finalmente acabou oencantamento, no final de janeiro de 1945. A última notícia que obtive sobre Frank foi através de uma pesquisa em jornais alemães em que ele estava presente, com seus 21 anos, na execução do comandante nazista Rudolf Hoss, em 1947, em frente ao forno crematório de Auschwitz I.
Para Rafael Laguardia
17/01/2010

Este conto faz parte da obra "Contos que Machado de Assis e Jorge Luís Borges Elogiaram", de Raphael de Oliveira Reis.

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Os dois bonitos e os dois feios



Rachel de Queiroz


Nunca se sabe direito a razão de um amor. Contudo, a mais frequente é a beleza. Quero dizer, o costume é os feios amarem os belos e os belos se deixarem amar. Mas acontece que às vezes o bonito ama o bonito e o feio o feio, e tudo parece estar certo e segundo a vontade de Deus, mas é um engano. Pois o que se faz num caso é apurar a feiúra e no outro apurar a boniteza, o que não está certo, porque Deus Nosso Senhor não gosta de exageros; se Ele fez tanta variedade de homens e mulheres neste mundo é justamente para haver mistura e dosagem e não se abusar demais em sentido nenhum. Por isso também é pecado apurar muito a raça, branco só querendo branco e gente de cor só querendo os da sua igualha — pois para que Deus os teria feito tão diferentes, se não fora para possibilitar as infinitas variedades das suas combinações?

O caso que vou contar é um exemplo: trata de dois feios e dois bonitos que se amavam cada um com o seu igual. E, se os dois bonitos se estimavam, os feios se amavam muito, quero dizer, o feio adorava a feira, como se ela é que fosse a linda. A feia, embalada com tanto amor, ficava numa ilusão de beleza e quase bela se sentia, porque na verdade a única coisa que nos torna bonitos aos nossos olhos é nos espelharmos nos olhos de quem nos ame.

Vocês já viram um vaqueiro encourado? É um traje extraordinariamente romântico e que, no corpo de um homem e delgado, faz milagres. É a espécie de réplica em couro de uma armadura de cavaleiro.

Dos pés à cabeça protege quem a veste, desde as chinelas de rosto fechado, e as perneiras muito justas ao relevo das pernas e das coxas, o guarda-peito colado ao torso, o gibão amplo que mais acentua a esbelteza do homem e por fim o chapéu que é quase a cópia exata do elmo de Mambrino. Aliás, falei que só assenta roupa de couro em homem magro e disse uma redundância, porque nunca vi vaqueiro gordo. Seria mesmo que um toureiro gordo, o que é impossível. Se o homem não for leve e enxuto de carnes, nunca poderá cortar caatinga atrás de boi, nem haverá cavalo daqui que o carregue.

Os dois heróis da minha história, tanto o feio como o bonito, eram vaqueiros do seu ofício. E as duas moças que eles amavam eram primas uma da outra — e apesar da diferença no grau de beleza, pareciam-se. Sendo que uma não digo que fosse a caricatura da outra, mas era, pelo menos, a sua edição mais grosseira. O rosto de índia, os olhos amendoados, a cor de azeitona rosada da bonita, repetidos na feia, lhe davam uma cara fugidia de bugra; tudo que na primeira era graça arisca na segunda se tornava feiúra sonsa.

De repente, não se sabe como, houve uma alteração. O bonito, inexplicavelmente, mudou. Deixou de procurar a sua bonita. Deu para rondar a casa da outra, a princípio fingindo um recado, depois nem mais esse cuidado ele tinha. Sabe-se lá o que vira. No fundo, talvez obedecesse àquela abençoada tendência que leva os homens bonitos em procura das suas contrárias; benza-os Deus por isso, senão o que seria de nós, as feiosas? Ou talvez fosse porque a bonita, conhecendo que o era, não fizesse força por sustentar o amor de ninguém. Enquanto a pobre da feia  todos sabem como é — aquele costume do agrado e, com o uso da simpatia, descontar a ingratidão da natureza. E embora o seu feio fosse amante dedicado, quanto não invejaria a feia a beleza do outro, que a sua prima recebia como coisa tão natural, como o dia ser dia e a noite ser noite. Já a feia queria fazer o dia escuro e a noite clara — e o engraçado é que o conseguiu. Muito pode quem se esforça.

O feio logo sentiu a mudança e entendeu tudo. Passou a vigiar os dois. Se esta história fosse inventada poderia dizer que ele, se vendo traído, virou-se para a bonita e tudo se consertou. Mas na vida mesmo as pessoas não gostam de colaborar com a sorte. Fazem tudo para dificultar a solução dos problemas, que, às vezes, está na cara e elas não querem enxergar. Assim sendo, o feio ficou danado da vida, e nem se lembrou de procurar consolo junto da bonita desprezada; e esta, se sentindo de lado, interessou-se por um rapaz bodegueiro que não era bonito como o vaqueiro enganoso, mas tinha muito de seu e podia casar sem demora e sem condições.

Assim, ficaram em jogo só os três. O feio cada dia mais desesperado. A feia, essa andava nas nuvens, e toda vez que o "primo" (pois se tratavam de primos) lhe botava aqueles olhos verdes — eu falei que além de tudo ele ainda tinha os olhos verdes? — ela pensava que ia entrar de chão adentro, de tanta felicidade.

Mas o pior é que os dois vaqueiros ainda saíam todo o dia juntos para o campo, pois eram campeiros da mesma fazenda e se haviam habituado a trabalhar de parelha, como Cosme e Damião. Seria impossível se separarem sem que um dos dois partisse para longe, e, é claro, nenhum deles pretendia deixar o lugar vago ao outro.

Assim estava a intriga armada, quando a feia, certa noite, ao conversar na janela com o seu bonito que lá viera furtivo, colheu um cravo
desabrochado no craveiro plantado numa panela de barro e posto numa forquilha bem encostada à janela (era uma das partes dela, ter todos esses dengues de mulher bonita) e enquanto o moço cheirava o cravo, ela entrefechou os olhos e lhe disse baixinho:

— Você sabe que o outro já lhe jurou de morte?
(Vejo que esta história está ficando muito comprida — só deixando o resto para a semana que vem.)



Falei que o desprezado jurara de matar o traidor. Seria verdade? Quem sabe as coisas que é capaz de inventar uma mulher feia improvisada em bonita pelo amor de dois homens, querendo que o seu amor renda os juros mais altos de paixão?

O belo moço assustou. Gente bonita está habituada a receber da vida tudo a bem dizer de graça, sem luta nem inimizade, como seu direito natural, que os demais devem graciosamente reconhecer. As mulheres o queriam, os homens lhe abriam caminho. E não é só em coisas de amor: de pequenino, o menino bonito se habitua a encontrar facilidades, basta fazer um beiço de choro ou baixar um olho penoso, todo o mundo se comove, pede uni beijo, dá o que ele quer. Já o feio chora sem graça, a gente acha que é manha, mais fácil dar-lhe uns cascudos do que lhe fazer o gosto. Assim é o mundo, e se está errado, quem o fez foi outro que não nos dá satisfações.

Pois o bonito assustou. Deu para olhar o outro de revés, ele que antes vivia tão confiado, como se adiasse que a obrigação do coitado era lhe ceder a menina e ainda tirar o chapéu. Passou a ver mal em tudo. De manhã, ao montar a cavalo, examinava a cilha e os loros, os quatro cascos do animal. Ele, que só usava um canivete quando ia assinar criação, comprou ostensivamente uma faca, afiou-a na beira do açude, e só a tirava do cós para dormir. E quando saía a campo com o companheiro, em vez de irem os dois lado a lado, segundo o costume, marchava atrás, dez braças aquém do cavalo do outro.

O feio não falava nada. Fazia que não enxergava as novidades do colega. Como sempre andara armado, não careceu comprar faca para fazer par com a peixeira nova do rival. E, sendo do seu natural taciturno, continuou calado e fechado consigo.

E o outro — nós mulheres estamos habituadas a pensar que todo homem valente é bonito, mas a recíproca raramente é verdade, e nem todo bonito é valente. Este nosso era medroso. Era medroso mas amava, o que o punha numa situação penosa. Não amasse, ia embora, o mundo é grande, os caminhos correm para lá e para cá. Agora, porém, só lhe restava amar e ter medo. Ou defender-se. Mas como? O rival não fazia nada, ficava só naquela ameaça silenciosa; as juras de morte que fizera — se as fizera — de juras não tinham passado ainda. Meu Deus, e ele não era homem de briga, já não disse? Tinha a certeza de que se provocasse aquele alma fechada, morria.

Bem, as juras eram verdadeiras. O feio jurara de morte o bonito e não só de boca para fora, na presença da amada, mas nas noites de insônia, no escuro do quarto, sozinho no ódio do seu coração. Levava horas pensando em como o mataria — picado de faca, furado de tiro, moído de cacete. Só conseguia dormir quando já estava com o cadáver defronte dos olhos, bonito e branco, ah, bonito não, pois, quando o matava em sonhos, a primeira coisa que fazia era estragar aquela cara de calunga de loiça, pondo-a de tal modo feia que até os bichos da cova tivessem nojo dela. Mas como fazer? Não poderia começar a brigar, matá-lo, sem quê nem mais. Hoje em dia justiça piorou muito, não há patrão que proteja cabra que faz uma morte, nem a fuga é fácil, com tanto telégrafo, avião, automóvel. E de que servia matar, tendo depois que penar na prisão? Assim, quem acabaria pagando o malfeito haveria de ser ele mesmo. O outro talvez fosse para o purgatório, morrendo sem confissão, mas era ele que ficava no inferno, na cadeia. Aí então teve a idéia de uma armadilha. Botar uma espingarda com um cordão no gatilho... quando ele fosse abrindo a porta. Não dava certo, todo o mundo descobriria o autor da espera. Atacá-lo no mato e contar que fora uma onça... Qual, cadê onça que atacasse vaqueiro em pleno dia? E a chifrada de um touro? Difícil, porque teria que apresentar o touro, na hora e no lugar... Lembrou-se então de um caso acontecido muitos anos atrás, quase no pátio da fazenda. O velho Miranda corria atrás de uma novilha, a bicha se meteu por sob um galho baixo de mulungu, o cavalo acompanhou a novilha, e em cima do cavalo ia o vaqueiro: o pau o apanhou bem no meio da testa, lá nele, e quando o cavalo saiu da sombra do mulungu, o velho já era morto... Poderia preparar uma armadilha semelhante? Como induzir o rival?... Levou quatro dias de pesquisa disfarçada para descobrir um pau a jeito. Afinal achou um cumaru à beira de uma vereda, onde o gado passava para ir beber na lagoa. O cumaru estirava horizontalmente um braço a dois metros do chão, cobrindo a vereda logo depois que ela dava uma curva. A qualquer hora passariam de novo os dois por ali. E como só um passava pela vereda estreita, bastaria ele ficar atrás, apertar de repente o passo, meter o chicote no cavalo da frente; o outro, assustado com o disparo do cavalo, se descuidava do pau — e era um homem morto.


Mas não deu certo. Isto é, deu certo do começo ao fim — só faltou o fim do fim. Pois logo no dia seguinte se encaminharam pela vereda, perseguindo um novilhote. O bonito na frente, o feio atrás, como previsto. Quando chegaram à curva que virava em procura do cumaru, o de trás ergueu o relho, bateu uma tacada terrível na garupa do cavalo da frente, que já era espantado do seu natural, e o animal desembestou. Mas o instinto do vaqueiro salvou-o no último instante. Sentiu um aviso, ergueu os olhos, viu o pau, deitou-se em cima da sela e deixou o cumaru para trás. Logo adiante acabava a caatinga e começava o aceiro da lagoa. O bonito sofreou afinal o cavalo. Podia ser medroso, mas não era burro, e uma raiva tão grande tomou conta dele, que até lhe destruiu o medo no coração. Sem dizer palavra, tirou a corda do laço debaixo da capa da sela, e ficou a girar na mão o relho torcido, como se quisesse laçar o novilho que também parará várias braças além, e ficara a enfrentá-los de longe. O companheiro espantou-se: será que aquele idiota esperava laçar o boi, a tal distância? Claro que não entendera como andara perto da morte... Mas o laço, riscando o ar, cortou-lhe o pensamento: em vez de se dirigir à cabeça do novilho, vinha na sua direção, cobriu-o, apertou-se em redor dele, prendeu-lhe os braços ao corpo e, se retesando num arranco, atirou-o de cavalo abaixo. Num instante o outro já estava por cima dele, com um riso de fera na cara bonita.

— Pensou que me matava, seu cachorro... Açoitou o cavalo de propósito, crente que eu rebentava a cabeça no pau... Um ele nós dois linha de morrer, não era? Pois á assim mesmo... um de nós dois vai morrer. Enquanto falava, arquejando do esforço e da raiva, ia inquirindo na corda o homem aturdido da queda, fazendo dele um novelo de relho. Dai saiu para o mato, demorou-se um instante perdido entre as aves e voltou com o que queria — um galho de imburana da grossura do braço de um homem. Duas vezes malhou com o pau na testa do inimigo. Esperou um pouco para ver se o matara. E como lhe pareceu que o homem ainda tinha um resto de sopro, novamente bateu, sempre no mesmo lugar.

Chegou à fazenda, com o companheiro morto à sela do seu próprio cavalo, ele à garupa, segurando-o com o braço direito, abraçado como um irmão; com a mão esquerda puxava o cavalo sem cavaleiro.

Ninguém duvidou do acidente. Foi gente ao local, examinaram o galho assassino, estirado sobre a vereda como um pau de forca. Fincaram uma cruz no lugar.

E o bonito e a feia acabaram casando, pois o amor deles era sincero. Foram felizes. Ela nunca entendeu o que houvera, e remorso ele nunca teve, pois, como disse ap padre em confissão, matou para não morrer.
E a moral da história? A moral pode ser o velho ditado: faz o feio para o bonito comer. Ou então compõe-se um ditado novo: entre o feio e o bonito, agarre-se ao bonito. Deus traz os bonitos de baixo da Sua Mão.

O texto acima foi publicado no livro Um alpendre, uma rede, um açude, José Olympio Editora – Rio de Janeiro, e extraída de As cem melhores crônicas brasileiras, Ed. Objetiva - Rio de Janeiro, 2007, p. 120. Organização e introdução de Joaquim Ferreira dos Santos.

Este conto retrata o universo de Rachel de Queiroz: o ambiente sertanejo e as questões femininas ficam evidentes, assim como em O Quinze, nossa leitura do mês de janeiro. 



"[...] tento, com a maior insistência, embora com tão
precário resultado (como se tornou evidente), incorporar
a linguagem que falo e escuto no meu ambiente nativo à
língua com que ganho a vida nas folhas impressas.  Não
que o faça por novidade, apenas por necessidade. 
Meu parente José de Alencar quase um século atrás vivia
brigando por isso e fez escola."

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A PELE QUE HABITO – UM FILME PÓS-MODERNO




Drama, Espanha, 2011, 120 min. Direção: Pedro Almodóvar. Com Antonio Banderas, Elena Anaya e Marisa Paredes. 

O novo filme de Almodóvar – A Pele que Habito – é a prova de que para o espanhol não há temas que não caibam na telona. O diretor mistura traição, morte, estupro, crises existenciais, loucuras, confissões maternais, sedução, obsessão e acrescenta a tudo isso, já visto em outros filmes, experiências médicas e a discussão sobre a ética nestas experiências.

O filme é daqueles que nos fazem ficar 120 minutos presos à tela, sem desgrudar os olhos, enquanto acompanhamos o cirurgião plástico Richard Ledgard (Antonio Banderas) criar um ser humano “à imagem e semelhança” de sua mulher morta, após ficar completamente queimada num acidente de carro.
Ledgard assume, na construção da narrativa surrealista, o papel de Deus e de Diabo, uma contradição, responsável por causar tamanho impacto ao espectador. O filme não tem mocinhos e bandidos – Almodóvar supera o maniqueísmo definitivamente – na narrativa, todos são humanos, por isso nem bons, nem maus: agem para atingir seus objetivos e em busca de uma felicidade deveras fugaz. 




Se em outras obras, Almodóvar já apresentava personagens andróginos, homossexuais, transexuais e dava a essas personagens grande destaque, em A pele que habito, o diretor se supera e faz Ledgard recriar um homem a partir de suas experiências médicas (psiquiátricas, dermatológicas e ginecológicas). A última fala do filme é o ápice da crise de identidade, já abordada pelo autor em outros momentos, mas, neste filme, é mais evidenciada: “Mama, yo soy Vicente!” É um filme com a cara da pós-modernidade!




segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Para conhecer o universo de Rachel de Queiroz


O artigo abaixo, intitulado Literatura, indústria cultural e formação humana aborda uma das temáticas marcantes da obra de Rachel de Queiroz além da seca: o papel social da mulher, ou o papel social que a autora espera da mulher.

No texto, a autora Joana Alves Fhiladelfio destaca a personagem Conceição de O Quinze e a perosnagem Guta de Três Marias, as duas personagens têm em comum - a luta pela liberdade, por quebrar padrões culturais, sociais e de gênero e o amor pelos livros. 

Segundo a autora, são os livros que vão influenciar nas outras características dessas personagens. Sendo assim, a autora propõe, a partir da ficção, uma discussão da nossa realidade literária, em suas palavras: "A análise da influência da literatura na construção da subjetividade das heroínas de Rachel de Queiroz permite que se reconheça a importância e a urgência do desenvolvimento de propostas de escolarização da literatura mais adequadas do que as que, de maneira geral, vigoram atualmente."(FHILADEFIO, p. 15)


domingo, 1 de janeiro de 2012

Movimentações Políticas em Juiz de Fora: algumas possibilidades

O ano termina, e outro nasce outra vez.
O ano político de Juiz de Fora começa com certa agitação dos possíveis candidatos ao poder executivo e os projetos para o futuro da cidade, na tentativa de “obtenção, exercício e manutenção do poder”[1].
Alguns cientistas políticos apontam para a formação de dois grupos: o do “velho” e o do “novo”. No primeiro grupo estariam representados os nomes de Custódio Mattos (PSDB) e Alberto Bejani (PSL), e no segundo grupo os nomes de Júlio Delgado (PSDB), Bruno Siqueira (PMDB), Margarida Salomão (PT) e Wadson Ribeiro (PC do B). E ainda, algumas análises apontam também para um confronto entre o PSDB e o PT, disputa essa que se acirrou na última eleição, refletindo inclusive um panorama nacional desde 1995, que polariza o debate político entre esses dois partidos, o que já revela uma pobreza intelectual e de crise nos programas de outros partidos.
A classificação de “novo”, na verdade, não revela nada de novo, pois vejamos: Júlio Delgado e Bruno Siqueira são os típicos casos em que se revela o capital do sobrenome, e nada mais “natural” a tentativa de dar continuidade à reprodução do capital político familiar que carregam. Margarida Salomão já foi reitora por dois mandatos na UFJF, candidata a prefeita e candidata a deputada Federal. Wadson Ribeiro, entre os mencionados, o menos conhecido; mas já ocupou uma secretaria de esportes na esfera federal, candidatou-se a deputado federal e esteve envolvido em algumas acusações relacionadas ao Ministério do Esporte. Enfim, novos no cenário político local? Não. De novo só o ano de 2012 mesmo.
Esse cenário, por si só, já revela uma disputa acirradíssima para o ano que vem, e tomara que não seja só no nível do “toma lá e da cá”, como vem acontecendo, mas sim, em disputas de projetos e planejamento para cidade. E que os julgamentos e debates de ordem moral-religiosa fiquem onde têm que ficar - nas casas e templos religiosos.
Ao realizar um prognóstico (mesmo sabendo que ainda está cedo e sem embasamento em alguma pesquisa), apontaria alguns movimentos possíveis, a saber:
Wadson Ribeiro, certamente não tem capital político para disputar com os nomes supracitados, porém em política “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, ou seja, se conseguir capitalizar uma expressividade em votos poderá ser um bom apoio para o segundo turno e também levar uma possível secretaria, caso o candidato que ele apoiar seja vencedor;
Alberto Bejani, o candidato mais conhecido nacionalmente, por suas proezas de improbidade administrativa, tem poucas chances efetivas de levar desta vez. Apesar de sua boa retórica para contra-argumentar as acusações, seu discurso não emplaca mais – é pura balela; possui um eleitorado muito específico na classe “E” e alguns na classe “D”. Sem contar que é pouco provável possíveis apoios de peso, visto que sua candidatura é de risco e associar a imagem a ele não é bom negócio;
Bruno Siqueira, como já disse, tem a vantagem de carregar um capital político familiar. Ainda, já foi Vereador (na última vez, o mais votado) e foi o único de Juiz de Fora a conseguir a uma vaga de Deputado Estadual na última eleição. Porém, isso é pouco para ganhar, mas vai incomodar. Possivelmente não terá apoio efetivo (engajado) da principal liderança política de seu partido (e talvez até da cidade), Tarcísio Delgado, por motivo óbvio. Suponho que haverá um esforço de associar sua imagem com a do Itamar Franco: ambos são engenheiros de formação, foram lideranças estudantis, bons moços, visão de futuro, etc. Sem sombras de dúvida, será o mais o “paparicado” no 2º turno.
Custódio Mattos tem grandes chances de emplacar um 2º mandato, pois é quase de praxe isso acontecer (as pesquisas mostram essa tendência da reeleição). No entanto, até o momento não conseguiu fazer uma boa administração: não colocou as suas principais promessas de campanha em execução; aumentou o IPTU e a passagem de ônibus significativamente; diminuiu investimentos na área social; há uma insatisfação crescente dos servidores municipais (professores, médicos, engenheiros, técnicos administrativos, etc); as políticas municipais vivem a reboque do governo federal e estadual, e sua imagem está muito arranhada e desgastada nas classes E, D e C. Além disso, junto ao candidato Alberto Bejani, possui um alto índice de rejeição. Enfim, apesar da tendência na reeleição, não creio que ele irá nem o segundo turno.
Margarida Salomão, apesar de não ter ganhado para Prefeita e para Deputada Federal, mostrou nas duas ocasiões uma votação expressiva. O seu partido está em destaque no cenário brasileiro há 9 anos e a imagem da mulher na política está em evidência. Mas, cuidado. A imagem da mulher na política está, hoje, associada a duas grandes personalidades: Angela Merkel e Dilma Rousseff. Isto que dizer: ligada com a questão da seriedade, da objetividade, da firmeza ao tratar sobre os assuntos, da confiança, eficiência administrativa... Também já vimos que o apoio de Lula e Dilma não é uma condição suficiente para garantir sua vitória. Além disso, os estrategistas do PT local terão que rever suas ações, pois não apresentar uma plataforma política consistente, numa argumentação vazia que será construída com a população, revela fragilidade, pois as propostas servem para dar transparência e comparações por parte do eleitor. Certamente estará no 2º turno.
Júlio Delgado, assim como o Bruno Siqueira, possui capital político familiar, embora muito mais forte, até mesmo porque Tarcísio Delgado é uma figura pública da cidade desde 1966 e prefeito da cidade por 3 mandatos, e se não foi o prefeito ideal, é considerado por boa parte da população como o melhor prefeito no quesito administrativo. Júlio é Deputado Federal com destaque – sempre está entre os melhores parlamentares do Congresso e também sempre consegue votações expressivas na cidade. Fez alianças complicadas no passado (apoiou Alberto Bejani e Custódio Mattos no 2º turno), mas isso é fácil de reverter, até mesmo porque as pessoas têm memória política curta (infelizmente) e sua imagem não ficou associada aos dois nomes supracitados. É importante também apontar que será amplamente favorecido na campanha, pois no campo de batalha haverá uma “briga” frontal entre Custódio Mattos e Margarida Salomão. Em resumo, sairá em vantagem, pois economizará suas armas para o 2º turno e só terá que se preocupar em atingir, no 1º turno, os flancos dos demais candidatos, principalmente a do Bruno Siqueira, se for o caso.
Bem, está traçado, a meu ver, é claro, algumas movimentações possíveis. Contudo, o mais importante é saber como se dará o debate, o que aparecerá de novo em propostas para Juiz de Fora. Quem apresentará as melhores propostas, projetos e planejamento, de maneira consistente para Juiz de Fora?
Entro o ano otimista, esperando uma disputa acirradíssima, com debates acalorados e profundos dos principais problemas da cidade e o apontamento de soluções reais e consistentes, pois é um consenso – pelo menos para mim: Juiz de Fora parou no tempo e precisa melhorar em quase tudo