domingo, 1 de janeiro de 2012

Movimentações Políticas em Juiz de Fora: algumas possibilidades

O ano termina, e outro nasce outra vez.
O ano político de Juiz de Fora começa com certa agitação dos possíveis candidatos ao poder executivo e os projetos para o futuro da cidade, na tentativa de “obtenção, exercício e manutenção do poder”[1].
Alguns cientistas políticos apontam para a formação de dois grupos: o do “velho” e o do “novo”. No primeiro grupo estariam representados os nomes de Custódio Mattos (PSDB) e Alberto Bejani (PSL), e no segundo grupo os nomes de Júlio Delgado (PSDB), Bruno Siqueira (PMDB), Margarida Salomão (PT) e Wadson Ribeiro (PC do B). E ainda, algumas análises apontam também para um confronto entre o PSDB e o PT, disputa essa que se acirrou na última eleição, refletindo inclusive um panorama nacional desde 1995, que polariza o debate político entre esses dois partidos, o que já revela uma pobreza intelectual e de crise nos programas de outros partidos.
A classificação de “novo”, na verdade, não revela nada de novo, pois vejamos: Júlio Delgado e Bruno Siqueira são os típicos casos em que se revela o capital do sobrenome, e nada mais “natural” a tentativa de dar continuidade à reprodução do capital político familiar que carregam. Margarida Salomão já foi reitora por dois mandatos na UFJF, candidata a prefeita e candidata a deputada Federal. Wadson Ribeiro, entre os mencionados, o menos conhecido; mas já ocupou uma secretaria de esportes na esfera federal, candidatou-se a deputado federal e esteve envolvido em algumas acusações relacionadas ao Ministério do Esporte. Enfim, novos no cenário político local? Não. De novo só o ano de 2012 mesmo.
Esse cenário, por si só, já revela uma disputa acirradíssima para o ano que vem, e tomara que não seja só no nível do “toma lá e da cá”, como vem acontecendo, mas sim, em disputas de projetos e planejamento para cidade. E que os julgamentos e debates de ordem moral-religiosa fiquem onde têm que ficar - nas casas e templos religiosos.
Ao realizar um prognóstico (mesmo sabendo que ainda está cedo e sem embasamento em alguma pesquisa), apontaria alguns movimentos possíveis, a saber:
Wadson Ribeiro, certamente não tem capital político para disputar com os nomes supracitados, porém em política “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, ou seja, se conseguir capitalizar uma expressividade em votos poderá ser um bom apoio para o segundo turno e também levar uma possível secretaria, caso o candidato que ele apoiar seja vencedor;
Alberto Bejani, o candidato mais conhecido nacionalmente, por suas proezas de improbidade administrativa, tem poucas chances efetivas de levar desta vez. Apesar de sua boa retórica para contra-argumentar as acusações, seu discurso não emplaca mais – é pura balela; possui um eleitorado muito específico na classe “E” e alguns na classe “D”. Sem contar que é pouco provável possíveis apoios de peso, visto que sua candidatura é de risco e associar a imagem a ele não é bom negócio;
Bruno Siqueira, como já disse, tem a vantagem de carregar um capital político familiar. Ainda, já foi Vereador (na última vez, o mais votado) e foi o único de Juiz de Fora a conseguir a uma vaga de Deputado Estadual na última eleição. Porém, isso é pouco para ganhar, mas vai incomodar. Possivelmente não terá apoio efetivo (engajado) da principal liderança política de seu partido (e talvez até da cidade), Tarcísio Delgado, por motivo óbvio. Suponho que haverá um esforço de associar sua imagem com a do Itamar Franco: ambos são engenheiros de formação, foram lideranças estudantis, bons moços, visão de futuro, etc. Sem sombras de dúvida, será o mais o “paparicado” no 2º turno.
Custódio Mattos tem grandes chances de emplacar um 2º mandato, pois é quase de praxe isso acontecer (as pesquisas mostram essa tendência da reeleição). No entanto, até o momento não conseguiu fazer uma boa administração: não colocou as suas principais promessas de campanha em execução; aumentou o IPTU e a passagem de ônibus significativamente; diminuiu investimentos na área social; há uma insatisfação crescente dos servidores municipais (professores, médicos, engenheiros, técnicos administrativos, etc); as políticas municipais vivem a reboque do governo federal e estadual, e sua imagem está muito arranhada e desgastada nas classes E, D e C. Além disso, junto ao candidato Alberto Bejani, possui um alto índice de rejeição. Enfim, apesar da tendência na reeleição, não creio que ele irá nem o segundo turno.
Margarida Salomão, apesar de não ter ganhado para Prefeita e para Deputada Federal, mostrou nas duas ocasiões uma votação expressiva. O seu partido está em destaque no cenário brasileiro há 9 anos e a imagem da mulher na política está em evidência. Mas, cuidado. A imagem da mulher na política está, hoje, associada a duas grandes personalidades: Angela Merkel e Dilma Rousseff. Isto que dizer: ligada com a questão da seriedade, da objetividade, da firmeza ao tratar sobre os assuntos, da confiança, eficiência administrativa... Também já vimos que o apoio de Lula e Dilma não é uma condição suficiente para garantir sua vitória. Além disso, os estrategistas do PT local terão que rever suas ações, pois não apresentar uma plataforma política consistente, numa argumentação vazia que será construída com a população, revela fragilidade, pois as propostas servem para dar transparência e comparações por parte do eleitor. Certamente estará no 2º turno.
Júlio Delgado, assim como o Bruno Siqueira, possui capital político familiar, embora muito mais forte, até mesmo porque Tarcísio Delgado é uma figura pública da cidade desde 1966 e prefeito da cidade por 3 mandatos, e se não foi o prefeito ideal, é considerado por boa parte da população como o melhor prefeito no quesito administrativo. Júlio é Deputado Federal com destaque – sempre está entre os melhores parlamentares do Congresso e também sempre consegue votações expressivas na cidade. Fez alianças complicadas no passado (apoiou Alberto Bejani e Custódio Mattos no 2º turno), mas isso é fácil de reverter, até mesmo porque as pessoas têm memória política curta (infelizmente) e sua imagem não ficou associada aos dois nomes supracitados. É importante também apontar que será amplamente favorecido na campanha, pois no campo de batalha haverá uma “briga” frontal entre Custódio Mattos e Margarida Salomão. Em resumo, sairá em vantagem, pois economizará suas armas para o 2º turno e só terá que se preocupar em atingir, no 1º turno, os flancos dos demais candidatos, principalmente a do Bruno Siqueira, se for o caso.
Bem, está traçado, a meu ver, é claro, algumas movimentações possíveis. Contudo, o mais importante é saber como se dará o debate, o que aparecerá de novo em propostas para Juiz de Fora. Quem apresentará as melhores propostas, projetos e planejamento, de maneira consistente para Juiz de Fora?
Entro o ano otimista, esperando uma disputa acirradíssima, com debates acalorados e profundos dos principais problemas da cidade e o apontamento de soluções reais e consistentes, pois é um consenso – pelo menos para mim: Juiz de Fora parou no tempo e precisa melhorar em quase tudo

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