quarta-feira, 21 de março de 2012

O negro na TV brasileira

Aproveitando o debate que faremos, no dia 01 de abril,  acerca do artigo de Domício Proença Filho: A trajetória do negro na literatura brasileira, disponibilizo aqui o documentário A negação do Brasil: O negro nas telenovelas brasileiras.




Vale a pena assistir!

sábado, 17 de março de 2012

Grupo Prazer da Leitura completa 5 anos !!!

O grupo Prazer da Leitura completa esse mês 5 anos, e este post é dedicado a contar um pouco da sua história.

Criado em 18 de março de 2007, quando ocorreu o primeiro encontro na casa de Lívia, o Grupo Prazer da Leitura traçou como objetivo principal promover a literatura, o prazer pela leitura –  nas suas mais diversas áreas –  entre amigos, assim como propiciar a troca de experiências culturais entre seus membros. Com o amadurecimento adquirido, os membros do grupo perceberam que poderiam contribuir de alguma forma com a sociedade, criando um blog, no qual são divulgadas informações sobre a leitura do mês, além de informações literárias, culturais e acadêmicas - hoje é um espaço também para seus integrantes divulgarem textos de suas autorias.
 O Grupo, no seu início, caracterizava-se por ser um grupo de leitura espírita, intercalando sempre em seus encontros – que ocorrem sempre no último domingo de cada mês – uma obra espírita e uma obra literária. Em abril de 2008 foi trabalhada a última obra espírita, quando o Grupo passou a ser  laico, com decisão da maioria de seus participantes. A partir deste momento, o Grupo alternou em suas discussões obras de literatura, história, política e sociologia, abrindo um leque maior na troca de aprendizados e experiências culturais.



Atualmente (março de 2012) o Grupo conta com 05 (cinco) membros permanentes. São eles: Raphael Reis (o mais antigo, com 4 anos no grupo); Marcelo Novais; Marcos Godoy, Carla Machado e Pauliane Godoy. Os encontros literários, que ocorrem sempre no último domingo de cada mês, acontecem na casa de um dos integrantes ou em um local público escolhido previamente pelo Grupo.



Durante todo este período, desde sua criação até a presente data (março de 2010), várias pessoas já se inscreveram no Grupo e o deixaram, entre elas: Leonardo Gravina, Juliana Cetrim, Thalita Bastos, Thiago Castro, Eduardo Castro, Lívia Magalhães, Lara Magalhães, Welson Avelar, Gabriel Andrade, Leonardo Rosa, Thiago Serpa, Pablo Costa, Paulo Tostes, Luciana Grillo, Arísio Fonseca, Cícero Vilela, Vanessa Faria e Wallace Andriolli. No entanto não foi possível o levantamento de todos os nomes, visto a ausência de registros. Também foi possível recuperar a lista de obras lidas e discutidas desde a criação do Grupo, a qual está disponível neste blog.
Nesta data especial, desejamos aos que já participaram do grupo, nossos sinceros agradecimentos e aos que estão, os parabéns por continuarem tal iniciativa em prol de um mundo onde a leitura possa ser cada vez mais frequente e discutida.
Parabéns Grupo Prazer da Leitura!
Obs.: se alguém se lembrar de mais algum nome que já participou do grupo, favor nos comunicar, para que possamos registrar em nossos arquivos.



Obs.: Texto de Marcelo Novais (adaptado por Raphael Reis)

Coleção Prazer da Leitura (Abril)

domingo, 11 de março de 2012

"As Criadas"



"As Criadas" de Jean Genet

Texto envolvente e brilhantemente bem interpretado pelas atrizes Sabrina Fortes, Ângela Câmara e Joana Cabral. De desdobramentos psicológicos (por que não dizer psiquiátricos?) e conteúdo denso, permeando os meandros da luta de classes marxista, sem perder o charme e a elegância da linguagem teatral, muitas passagens rememoram o humor - negro - de "Domésticas, o filme" de Fernando Meirelles.

Últimas apresentações, neste final de semana no Café do Teatro Glaucio Gil, Praça Cardeal Arcoverde Copacabana (estação de metrô), Rio de Janeiro, sábado e domingo, às 19 horas.

Não percam... Eu MAIS que recomendo!!


Contribuindo para o debate acerca do racismo presente em Monteiro Lobato


O debate é antigo, “há racismo em Monteiro Lobato?”, mas voltou à tona em 2010, em função de um parecer do Conselho Nacional de Educação que recomenda que o livro Caçadas de Pedrinho, do autor em questão, deixe de ser distribuído às escolas públicas, pois há presença de estereótipos racistas.  O debate criou polêmica: escritores, educadores e especialista em literatura infantil se posicionaram e no fim das contas o ministro Fernando Haddad foi contra o parecer do Conselho e tudo ficou como antes.

Porém, debate posto, é importante entendermos os dois lados da questão, no início da década de 80, por exemplo, um livro didático foi proibido de circular, pois trazia um poeminha de Mário Quintana quer foi censurado, o poema dizia: com x escrevo xícara, com x escrevo xixi, menino, não faça xixi na xícara, o que vão pensar de ti?” A proibição se deu por causa do uso da palavra xixi, considerada imprópria para crianças. Há pouco tempo, aqui em Juiz de Fora, a polêmica ocorreu, pois alguns pais tentaram proibir a utilização de um material de língua portuguesa que trazia um poema do escritor Férrez que trazia algumas palavras consideradas chulas. Ainda, aqui na zona da mata, na cidade de São João Nepomuceno, um professor de literatura foi demitido, pois levou para suas aulas no ensino médio um conto erótico de Ignácio de Loyola Brandão, os pais logo pediram a cabeça do portador do conto. Nos três casos acima nenhum dos textos deixaram de existir por causa da censura feita, pelo contrário, a censura de certa forma instiga a curiosidade.

Para mim, não há dúvidas, Lobato, como a maioria dos homens brancos, da alta aristocracia da década de 30 e 40 carregava ainda os resquícios escravocratas e era sim racista. Isso é retificado por Zinda Maria Carvalho de Vasconcelos no livro O universo ideológico da obra infantil de Monteiro Lobato, que na página 68 do livro apresenta: “Apesar de no início da Geografia ser dito que só há grande diferença entre os habitantes da Terra na cor da pele (uma questão de pigmentos), no decorrer dos livros percebe-se que há certos povos considerados superiores”.

Diante disso, proibir a leitura da obra de Lobato seria o caminho na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e sem preconceito racial? Tenho certeza que não. Assim como já posto pelo colega Raphael Reis, acredito que a leitura contextualizada da obra de Lobato, bem conduzida por professores de Literatura, História e das Ciências Humanas, pode levar a um debate qualificado e fazer aos neoleitores entenderem que Lobato foi um homem de seu tempo e sua obra representa esse tempo.

Havemos de pensar, ainda, a literatura como um discurso lúdico e inacabado, ou seja, como sinônimo de ruptura, isso faz do leitor alguém que não é passivo ao que lê, pelo contrário, o leitor é sempre alguém que vai dialogar com o texto literário, isso significa que pode gostar esteticamente do que lê, mas não concorda com a situação lida.

Cito aqui um trecho de um artigo que escrevi para a revista Educação em Foco, v.13:

"A literatura é um discurso que, como o homem e a história, está sempre em construção. Por ser um discurso em construção, é aberto, dinâmico e sem ponto final. É por isso que ela serve muitas vezes como retrato de uma época, pois sem ter a preocupação em retratar a realidade, o escritor de literatura acaba quase que brincando, e numa espécie  de jogo, usando do lúdico, retratando sua visão do momento histórico. Vale lembrar que o escritor passa não somente sua visão de mundo, porém a visão acerca dos discursos que o influenciam, ou que chegam  até ele. O discurso literário, como qualquer outro discurso, parte do interdiscurso, ou seja, de uma formação discursiva já existente que serve de base. (p. 60, 2008)".

sábado, 10 de março de 2012

Análise Crítica do texto "Monteiro Lobato e Racismo", de Marcos Godoy

Análise Crítica

O amigo Marcos Godoy foi muito feliz em trazer à tona a discussão sobre o preconceito racial em nosso blog (ver sua postagem abaixo), pelo menos em 3 aspectos, a saber: 1º) em colocar uma reportagem do jornal O Globo (maio de 2011), cuja pontua a discussão sobre o preconceito na obra de Monteiro Lobato frente o parecer do Conselho Nacional de Educação, que queria proibir algumas obras do autor supracitado nas escolas, e o não acatamento pelo então Ministro da Educação naquela época (Fernando Haddad); 2º) por emitir o seu “julgamento” (no sentido kantiano) frente a essa discussão, a qual é muito pertinente, mesmo passado mais de um ano o início de tal discussão; e 3º) como todo bom texto, permite ao leitor novas reflexões e também abertura à crítica, a qual é ferramenta de qualquer pessoa que aspira a pensar.

Após ler o texto de Godoy gostaria de dar minha contribuição e fazer algumas considerações sobre o contexto histórico. Na verdade, ele não é um pretexto de ser favorável ou não a algum evento/fato histórico, ou seja, ele não é um argumento de julgamento, mas sim de entendimento, de compreensão e explicação das ações humanas.

Neste sentido, um conceito que pode nos facilitar tal entendimento é o de Utensilagem Mental, de Lucien Lefrebvre, o qual junto a Marc Bloch, inauguraram a Escola dos Annales (ambos fazem parte da 1ª geração de historiadores desta vertente histórica). Segundo este conceito, é preciso ao ofício do historiador – mas aqui não só a este profissional, mas àqueles que trabalham numa perspectiva interdisciplinar do conhecimento dito humanas -,



"inventariar em detalhes e depois recompor, para a época estudada, o material mental de que dispunham os homens desta época; através de um esforço de erudição, mas também de imaginação, reconstruir o universo, físico, intelectual, moral, no meio do qual se moveram as gerações que o precederam; tornar evidente, de um lado, a insuficiência das noções de fato sobre tal ou tal ponto; por outro lado, o estudo da natureza engendraria necessariamente lacunas e deformações nas representações que certa coletividade histórica forjaria do mundo, da vida, da religião, da política".



Ou seja, tudo isso permite dizer que o indivíduo é sempre o que o seu meio social e época o permitem. Dessa forma, olhando para as décadas de 30 e 40 (produção escrita de Lobato no que se refere à literatura infantil), percebe-se que há um forte resquício do sistema escravocrata que vai além destas décadas mencionadas acima, e no caso dele, analisando sua origem social, mostra como ele representava a sua realidade social (representação no sentido de Bourdieu). Além disso, é importante mencionar que a eugenia (política do branqueamento via imigração europeia) era uma política governamental do Estado brasileiro (período de Getúlio Vargas). E não somente a elite branca era a favor da eugenia (o preconceito se faz presente numa grande maioria branca, isto é, não é vinculada somente ao fator econômico, e sim ao social, às mentalidades. Nota-se também, que no sistema escravocrata havia “preconceito” dentre os próprios escravos, os quais quando conseguiam certa “ascensão social”, como alguns escravos de ganho, usavam sapatos, para se distinguirem daqueles que trabalhavam na lavoura.

Em resumo, a questão da tentativa de proibir a obra de Lobato (ver a reportagem do jornal O Globo mencionada por Godoy) ou de outras obras como, por exemplo, Lolita, de Nabokov e Minha Luta, de Hitler não me agrada, por ser uma tentativa de esconder uma incompetência de nossa sociedade atual em encarar com maturidade as dificuldades históricas pelas quais passamos, além de mostrar a falta de soluções para enfrentar, atenuar e resolver tais problemáticas. Ainda, não podemos ler o passado com “as lentes” do presente (mesmo que isso seja um grande paradoxo), e sim utilizar o passado para fazer comparações, para evitar erros no presente e no futuro, no intuito de construirmos de fato uma sociedade mais plural seja do ponto de vista “racial”, religioso, político ou cultural, cuja base seria o respeito à diversidade e de uma sociedade menos desigual socialmente .

Enfim, nesta perspectiva, cabe ao professor de literatura e de história trabalharem em prol de que Monteiro Lobato fazia parte de sua época e de determinado tipo de pensamento, e que havia também outras pessoas com pensamento diferente, mostrando que este escritor foi preconceituoso sim, numa sociedade na qual o preconceito não era exceção; mas, mais do que isso, cabe ao ofício destes profissionais as problematizações, tais como: como o negro era visto após a abolição?; quais eram as visões existentes sobre o negro?; como e quando o negro começou a ganhar voz social?; como foi e é feita a inclusão do negro na sociedade após 4 séculos de exclusão?;  se hoje há preconceito, e se sim, como ele se difere e/ou se assemelha com os das décadas de 30 e 40?; o que podemos fazer para viver numa sociedade – brasileira – na qual os negros – pelos processos históricos – foram excluídos, e evidentemente são os mais afetados quando se aponta pesquisas sociológicas de acesso ao mercado de trabalho e aos estratos sociais A, B e C?; e trazer à tona as dificuldades encontradas por mulheres que são negras e pobres no acesso aos serviços básicos e essenciais, como apontam várias pesquisas.

E somente o conhecimento da área de humanas pode ajudar na construção de novas mentalidades – aqui fica uma crítica àqueles que pensam na irrelevância do pensamento e enxergam o mundo de maneira operacional, devalorizando as ciências humanas.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Monteiro Lobato e racismo


o preconceito mora ao lado do Sítio do Picapau Amarelo?


Professores debatem futuro de Monteiro Lobato após polêmica sobre racismo


Alessandra Duarte e Dandara Tinoco,

O Globo


"Não reparem ser preta. É preta só por fora, e não de nascença. Foi uma fada que um dia a pretejou, condenando-a a ficar assim até que encontre um certo anel na barriga de um certo peixe. Então o encanto se quebrará e ela virará uma linda princesa loura".


É Tia Nastácia, na apresentação feita por Narizinho em "Reinações de Narizinho". É também um dos motivos que levaram o autor Monteiro Lobato a se tornar pivô de uma polêmica envolvendo Ministério da Educação, professores e pais: a grande obra da literatura infantil brasileira, criadora de todo um universo, é racista? Para profissionais de educação, esse debate pode até afetar o uso, pelos colégios, da obra de Lobato pelas futuras gerações de alunos.

Independentemente de a obra ter ou não elementos racistas, professores já afirmam que ela deve ser sempre trabalhada mostrando-se aos alunos o contexto histórico - uma sociedade com resquícios escravocratas - no qual ela foi escrita.


A polêmica começou em outubro de 2010, quando parecer aprovado por unanimidade pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) recomendava que "Caçadas de Pedrinho" fosse distribuído às escolas públicas com nota explicativa sobre a presença de estereótipos raciais, que, dizia, estavam em trechos como "Tia Nastácia ( ... ) trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima".

O ministro da Educação, Fernando Haddad, rejeitou o parecer.

Semana passada, a discussão voltou, após o MEC informar que distribuirá a professores um livro que os orienta sobre como lidar com temas como preconceito - e, aí, cita Lobato.


"Podemos inferir de suas obras ( ... ) preconceitos e formas de discriminação,facilmente atribuíveis a esse momento de nossa História ( ... ). Entretanto, dizer que os livros infantis de Lobato são preconceituosos e recusá­los ou censurar passagens, em nome do combate ao preconceito, é esquecer que são ficções"


O GLOBO

23/05/11






País de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Klux-Klan é país perdido para altos destinos. ( ... ) Um dia se fará justiça ao Klux-Klan; ( ... ) Tivéssemos aí uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca - mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro (sic) destroem a capacidade construtiva. - Monteiro Lobato, em carta a Artur Neiva, Nova York,1928.



O processo por meio do qual a literatura se une à política para reproduzir as estruturas de poder dominante data da antiguidade clássica. A epopeia Os Lusíadas, de Luís de Camões, serviu para exaltar e para legitimar a política expansionista lusitana do início do século XV. Não foi diferente a postura de Monteiro Lobato, célebre escritor brasileiro do início do século XX. Lobato foi ambiguamente preconceituoso pois, a despeito de seu progressismo em vários temas, defendeu a eugenia em sua correspondência pessoal e apresentou, em sua obra, reproduções da perspectiva de cunho depreciativo e subalternizante advinda da elite branca agroexportadora em relação ao negro e a sua cultura.

A literatura pode, entre as várias leituras possíveis, ser entendida como um ramo da atividade intelectual humana capaz de expor as mais profundas idiossincrasias do homem. O conceito de atividade pressupõe a existência de uma ação deliberada, objetivando o alcance de resultados. A vertente intelectual suscita a elaboração, ainda que superficial, de análises e de valorações. O fator humano, por sua vez, desencadeia uma corrente de divergências e de confluências múltiplas e, necessariamente, multifacetadas a respeito do mundo. A literatura, desse modo, pode ser definida como ação analítica e valorativa tendente a salientar divergências e, de forma concomitante, a corroborar consensos.

Reconhecimento de divergências, bem como conformação de consensos, perfazem temas da seara política, a qual pressupõe o exercício institucionalizado de poder. O cotejo dessas ilações permite afirmar que a literatura se presta a reproduzir e a consolidar mecanismos de legitimação das estruturas de poder dominante.

Monteiro Lobato, cujo nascimento no interior da elite branca agroexportadora, no final do século XIX, é de suma importância para a construção de sua identidade literária, tem seu posicionamento racista explicado, em grande medida, por essa circunstância. A literatura lobatiana, nessa perspectiva, é a instância legitimadora dos anseios colonizatórios da elite branca agrícola, maior demandante da mão de obra escrava e negra durante o Brasil colônia e Império.

O homem, embora passível de localização no espaço e de delimitação no tempo, não deve ser identificado como um mero reprodutor das contradições de sua época. Ele é, primordialmente, coautor das mudanças implementadas pela sociedade da qual faz parte durante o curso das transformações históricas e sociais. O homem participa, nesse sentido, da conformação das contradições de seu tempo, haja vista que essas mesmas contradições são consequências da própria ação do ser humano na sociedade e no mundo.

Lobato, paradoxalmente, defendeu postulados eugenistas, em suas missivas, ao mesmo tempo em que propugnou pela privatização do petróleo brasileiro e por sua eficaz exploração, sem mencionar sua iniciativa de instalação do mercado editorial no Brasil. Essa contradição de posicionamentos do escritor paulista exemplifica a idiossincrasia do pensamento humano a que se fez referência, além de demonstrar o equívoco em atribuir ao tempo histórico a razão dessa contradição.

O racismo, desse modo, não deve ser identificado como decorrente da cosmovisão de uma mentalidade presente, apenas, no tempo da literatura de Monteiro Lobato, mesmo porque é realidade que permanece na contemporaneidade, promovida pela mesma elite que, hodiernamente, se imagina não preconceituosa e formadora de opinião. Ações perpetradas no âmbito estatal tendentes a minorar as consequências nefastas da dominação cultural branca sobre a raça e sobre a cultura negras, além de bem-vindas, são imprescindíveis em um país que, como segunda maior nação negra do mundo, autodeclarada, apresenta estatísticas preocupantes quanto à inserção do negro na sociedade.


MARCOS VINÍCIUS FERREIRA DE GODOY