segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

ATA DO ÚLTIMO ENCONTRO

Museu Imperial de Petrópolis
No último encontro literário, ocorrido na Planet Music, as discussões continuaram acerca da importância dos museus brasileiros, sobretudo os de maior destaque - o Museu Imperial de Petrópolis e o Museu Paulista, também conhecido como Museu do Ipiranga. Os textos estudados e discutidos foram "O Museu Imperial e a Celebração da Monarquia Brasileira", da historiadora Cláudia Soares Azevedo e "Como Explorar um Museu Histórico", de Ulpiano Teixeira.
Ambos os textos tratam, principalmente, da preocupação da afirmação da nacionalidade brasileira naquele momento histórico. Se por um lado a fundação do Palácio do Ipiranga demonstra esta preocupação já no seu momento e local de fundação, a fundação do Museu Imperial de Petrópolis é repleta de simbolismo e, segundo a autora, foi uma forma de resgatar a importância política e memorialista de nosso mais conhecido e aclamado imperador, D. Pedro II.  Não por acaso a cidade de Petrópolis foi escolhida para sediar o local onde se homenagearia a família imperial. Ali, ainda no Primeiro Reinado, D. Pedro I adquiriu as terras para futuros empreendimentos e em 1843 foi fundado o Palácio Imperial para sediar o Império nos meses mais quentes do ano. Nos meses de verão o imperador e sua família preferia os ares mais amenos da serra, algo semelhante aos ares europeus. Em volta da casa da família imperial se estabeleceram figuras importantes do Império Brasileiro e a cidade de Petrópolis se tornaria um refúgio das elites agrárias brasileiras, tanto no Segundo Reinado quanto nas primeiras décadas da República. Mas o Museu Imperial de Petrópolis somente se tornou realidade em 1943, 100 anos após a fundação da cidade, por um esforço pessoal do Presidente Vargas e de figuras importantes da cidade. A ideia era afirmar a nacionalidade brasileira, construída durante o Império e que se viu um pouco abalada com a retirada da família Imperial para o exílio e anos mais tarde com a morte de D.Pedro II na França.
Família Imperial Brasileira no Segundo Reinado.

O esforço pessoal de Getúlio Vargas na construção do Museu conjugava interesses das elites petropolitanas de forma a projetar a cidade na cena cultural brasileira, com a afirmação da figura de um presidente que se preocupava com o seu nome ligado à valorização da cultura e da nacionalidade brasileira. No entanto, a questão mais importante quando se trata de museus é se realmente os museus apresentados podem ser aceitos como Museus Históricos, na formação de uma consciência histórica e como locais de difusão do conhecimento histórico. Sabemos todos que os museus apresentados têm por objetivo contar uma história específica deste recorte histórico, quando aborda apenas a história das elites. A história do Império, com toda sua complexidade, está longe de ser demonstrada, de forma abrangente, nestes espaços ora apresentados, ainda que se tenha um esforço de conferir um sentido histórico no Museu Paulista nos últimos anos.
Museu Paulista (Museu do Ipiranga)
Vale ressaltar que o Museu Paulista, pertencente à USP, está fechado para reforma. Certamente após este período (oito anos) podemos esperar uma afirmação deste espaço de ensino-aprendizagem como um local de difusão do conhecimento histórico, despertando a consciência histórica nos seus visitantes. Quanto ao Museu Mariano Procópio, alvo de discussão no encontro passado, também se encontra fechado para reforma desde o ano de 2005. A esperança para os visitantes de Juiz de Fora e região é de que ele tenha as suas portas reabertas nos próximos anos.

Mas, se por um lado estes espaços não permitem um estudo mais amplo sobre o período mensionado, eles são de fundamental importância no estudo e na análise de um discurso que se forjou naquele período, sobretudo na intensão e no propósito de construir e afirmar a nossa identidade nacional. A nação brasileira, de acordo com a museografia destes espaços, foi, em grande medida, um projeto bem sucedido da nação portuguesa em terras do Novo Mundo.

Participaram deste último encontro: Raphael Reis, Paulo Tostes e Eu (Marcelo Novais). O nosso próximo desafio literário será Um rio chamado tempo. Uma casa chamada terra, de Mia Couto. Uma boa leitura a todos.



sábado, 30 de novembro de 2013

Encontro do mês de novembro de 2013

- Por favor, 4 cappuccinos.
Começa a discussão sobre os textos “Sentidos do passado: visões da história nacional nas galerias do Museu Mariano Procópio”, dos historiadores Robert Daibert e Carina Costa; “O Mundo cabe num leque” e o “O mito da mineiridade num espaço monárquico: a iconografia da Conjuração Mineira no acervo do Museu Mariano Procópio, da historiadora Maraliz Christo.
Além de um encontro agradável numa noite de chuva fina, as discussões foram muito proveitosas.
O texto de Daibert e Costa problematiza o discurso engendrado nas galerias de exposição do Museu Mariano Procópio e a proposta deste discurso em ressaltar os valores da elite da época, que era branca e escravocrata. E mesmo, já com sua abertura (1915) e a respectiva doação à Prefeitura de Juiz de Fora (na década de 20 do século XX) prestavam a um discurso que ressaltava o Império em detrimento da República. Neste sentido, é importante perceber que os olhares; mas, mais importantes do que isso, são as problemáticas históricas que suscitam.
Um desses exemplos, é o leque da Viscondessa de Cavalcanti, pesquisado pela historiadora Maraliz Christo. Um objeto feminino que se transforma em documento histórico, revelando o status social de determinadas mulheres, além das relações sociais da elite, especificamente, da Viscondessa, ao coletar assinaturas de pessoas de destaque nacional e internacional em seu leque ao longo de 50 anos.
Por fim, para o próximo encontro que pretendemos fazer no Museu Imperial, vamos ler dois textos: “O Museu Imperial e a Celebração da Monarquia Brasileira”, de Claudia Soares Azevedo e “Como explorar um museu histórico”, de José Sebastião Witter.
           Para uma época que se fala tanto na abertura do Museu Mariano Procópio, as leituras destes textos nos leva a um novo olhar, a novos sentidos.

domingo, 3 de novembro de 2013

Ata da reunião de outubro - Fernando Sabino e o museu Mariano Procópio


No último domingo de outubro, dia 27, o grupo Prazer da Leitura se reuniu no Museu Mariano Procópio para a dicussão do Livro O encontro Marcado  do mineiro Fernando Sabino.




O dia estava propício para um encontro marcado no museu: sol forte, muitas pessoas passeando e ainda a preparação para um concerto musical que aconteceria  mais tarde. A discussão foi bastante leve e agradável como o romance do Sabino - um texto que mostra o cronista escrevendo suas memórias em forma de romance - tendo como cenário Belo Horizonte e Rio de Janeiro e uma pequena passagem por Juiz de Fora, Uberaba e Barbacena.

O que fica da leitura? um bom conselho do autor: "Ele faria da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, de procura um encontro."




Sabino que nasceu em 12 de outubro e morreu criança em um 12 de outubro 80 anos depois continue inspirando nossos encontros marcados.

A próxima reunião do grupo será em outro museu, o de Petrópolis, em 24 de novembro.


sábado, 26 de outubro de 2013

O Encontro Marcado

A obra literária escolhida para este próximo encontro foi o romance O Encontro Marcado, de Fernando Sabino. Filho de uma típica família de classe média, Fernando Tavares Sabino nasceu em 12 de outubro de 1923, em Belo Horizonte, onde passou toda sua infância e adolescência. Ainda cedo desenvolve-se o gosto pela leitura e escrita, escrevendo seu primeiro conto publicado na revista "Argus", órgão da Secretaria de Segurança de Minas Gerais. Ainda na sua a adolescência passa a atuar como cronista e jornalista em diversos jornais e revistas na capital mineira. Embora tenha decidido se tornar gramático aos 17 anos, inicia-se nos, no início dos anos 40 o curso de Direito. Em meados dessa mesma década, Fernando Sabino viaja ao Rio de Janeiro, conhecendo e se tornando amigo de nomes consagrados da literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Clarice Lispector, Cecília Meirelles, Ruben Braga, entre outros. Em 1945, após se formar em Direito, embarca com Vinícius de Moraes para os Estados Unidos, passando a residir em Nova Iorque, trabalhando no Escritório Comercial do Brasil e, posteriormente no Consulado Brasileiro. Durante todo o tempo em que  viveu no exterior, em várias fases de sua vida, Fernando Sabino atuou como cronista e jornalista para diversos jornais brasileiros, entre eles o "Diário Carioca", "O Jornal"e especialmente o "Jornal do Brasil" e "O Globo", dos quais ele se tornou correspondente por maior período de tempo. Neste mesmo ano (1945) ele começa a escrever O Grande Mentecapto, romance que terminaria apenas 33 anos depois e que se torna posteriormente uma adaptação para o teatro e para o cinema, sendo agraciado com o prêmio no Festival Internacional de Gramado em 1989. No ano seguinte esse filme é exibido no Festival Internacional de Cinema em Washington D.C., e recebe um prêmio. Como se vê, Fernando Sabino, além de cronista, jornalista e romancista, desenvolveu uma considerável carreira na sétima arte. Em 1956 publica o seu romance de maior sucesso, O Encontro Marcado, um grande sucesso de crítica e de público, com uma média de duas edições anuais no Brasil e várias no exterior, além de adaptações teatrais no Rio e em São Paulo. Fernando Sabino desenvolveu uma intensa e prestigiada rede de amizade e profissionalismo com os grandes nomes da literatura, do jornalismo e da política brasileira. Ocupou diversos cargos de carreira pública e construiu uma prestigiada carreira no exterior, tendo sua obras publicadas em diversos países do mundo. Entre as suas obras mais famosas e importantes, além de O Encontro Marcado (1956), estão O Grande Mentecapto, (Record, 1975), O Menino no Espelho, (Record, 1982), Zélia, uma paixão, romance-biografia, Record, 1991, além de vários livros de contos e crônicas, como Os Grilos não cantam mais, (1941), sua primeira obra publicada,  O Homem Nu, 1960, A Mulher do Vizinho, 1962, entre tantos outros. Em julho de 1999 recebeu da Academia Brasileira de Letras o  maior prêmio literário do Brasil, "Machado de Assis", pelo conjunto de sua obra.

Sua obra mais famosa, O Encontro Marcado, publicado em 1956, surpreendeu os leitores por se tratar de uma longa narrativa. "A repercussão foi espetacular, tornando-se de imediato, o livro de cabeceira de milhares de jovens que nele se reconheciam por verem expostos ficcionalmente os seus próprios dramas existenciais." (http//www.passeiweb.com/estudos/livro/o_encontro_marcado). Também adaptada para o teatro, a obra se caracteriza como um típico romance de geração, tendo como abordagem central os problemas específicos de um grupo etário/social de uma determinada época e cujo alcance esgota-se naquela geração. A obra apresenta ao leitor uma Belo Horizonte da década de 40 com todas as suas peculiaridades, o seu aspecto provinciano e principalmente os anseios e alguns traços de preocupações ideológicas daquela geração. A obra tem como protagonista Eduardo Marciano e juntamente com Mauro e Hugo corresponderiam a Fernando Sabino e seus amigos de infância  Hélio Pellegrino e Otto Lara Rezende, respectivamente. Além da caracterização de uma época, a obra apresenta um discurso existencialista, onde tudo se apresenta de forma efêmera, contraditório e questionador, sobretudo de uma moral tipicamente burguesa, arraigada às convenções sociais próprias de uma época.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013


Ata da última reunião

A obra do último encontro do Prazer da Leitura foi O Livro de Areia, de Jorge Luís Borges, publicada em 1975. Na oportunidade, pudemos mais uma vez saborear um pensamento muito caro a Borges – a literatura como um espaço infindável onde se realiza o “irrealizável”, contudo, não menos importante à experiência humana. Pelo contrário, esse irrealizável é o que ficou no livro não escrito, para Borges. É a posse do “aleph”, outra emblemática obra do escritor argentino que, tal como O Livro de Areia, nos convida a um percurso semelhante a um labirinto. Aqui o enfrentamento é o da própria construção da literatura, que, para Borges, significa um caminho infinito de alusões e símbolos, ou seja, uma obra dentro de outra. N’ O Livro de Areia, os seus contos devem prender a atenção do leitor numa desconcertante trama que vai do real ao maravilhoso, do local ao universal. Por aí, já se percebe que apenas um conto do livro já é tema pra mais de um encontro, pois o que dá título ao livro é sugestivamente uma porta que se abre para o desconhecido, para o que possa ser “o livro dos livros”... Eis o sentimento que tivemos ao discutir a obra que contou com as participações do Raphael, do Marcelo, de mim e do Messias – o novo convidado do grupo. Para o próximo encontro, teremos a indicação do Marcelo – O Encontro Marcado, de Fernando Sabino, a se realizar no dia 27 de outubro, às 15 horas, no Museu Mariano Procópio. Fica, então, mais um encontro marcado com a literatura e, desta vez em particular, com a trajetória de um jovem intelectual que deve ir ao encontro de si mesmo...

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Próximo encontro: O Livro de Areia, de Jorge Luis Borges

Prepara que agora é a leitura de Borges, nada mais nada menos que o "pequeno" livro de contos intitulado "Livro de Areia", o qual dá nome a um dos contos.

“O número de páginas deste livro é infinito. Nenhuma é a primeira, nenhuma, a última.” (BORGES, 1999; 81)

Tendo a literatura como re-escritura, tema que contemplou amplamente em sua obra, o escritor argentino Jorge Luís Borges descreve, no Livro de Areia, uma de suas grandes “obsessões” – um livro que seja infinito. Nesse sentido, se desenrola a história de um personagem que compra um livro de um desconhecido e insistente vendedor de livros, ou Bíblias, que bate à porta de sua casa. Sem princípio nem fim, a narrativa, bem borgeana, é sempre uma nova possibilidade de leitura à medida que vai sendo lida; é como uma viagem rumo ao infinito e para lugares inimagináveis.
Eis a perturbadora impressão que “o livro” causa no personagem que o compra! Afinal, é uma leitura que nos leva, juntamente com esse personagem, ao desconhecido: “Faz alguns meses, ao entardecer, ouvi uma batida na porta. Abri e entrou um desconhecido (...) de traços mal conformados.” (BORGES,1999, p. 79). E ao mesmo tempo é a condição da leitura – espaço inacabado e que só se vai realizando à medida que se lê. Mas no caso do personagem central do livro de Borges, outro ponto instigante é que esse mesmo personagem não sabia ler: “Seu possuidor não sabia ler” (BORGES, 1999, p. 80).
Então, o que ele lia?
Contudo, ele “lê” fazendo-nos lê-lo, ao tentarmos decifrar o que está escrito. Percebe-se que “o livro” se confunde com nós mesmos, leitores-viajantes do infinito, quando batemos na nossa própria porta...
Ainda que breve, este pequeno texto é tão somente o convite para que possamos iniciar o contato com um dos maiores contistas e ficcionistas de todos os tempos, cosmopolita que nasceu Argentina, viveu na Europa e teve a sua obra traduzida para vários idiomas, além de ter sido nomeado, em 1955, diretor da Biblioteca Nacional de Buenos Aires. Não por menos, disse certa vez: “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria”.

Confira também a excelente postagem sobre o "olhar" de Borges, de autoria de Ailton Augusto na Revista Encontro Literário.

http://revistaencontroliterario.blogspot.com.br/search?q=O+livro+de+areia

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

ÚLTIMO ENCONTRO (ATA)

O último encontro literário teve como objeto de discussão uma das obras mais lidas, seguidas e questionadas de todos os tempos: O Manifesto Comunista, de Marx e Engels. Lançado em meados do século XIX, este livro foi ponto de partida e de direcionamentos políticos e ideológicos que ainda em pleno desenvolvimento de sociedades capitalistas - e talvez mesmo em função disso - nos traz tantas inquietações. Afinal, se para muitos a construção de um estado socialista, aos moldes do que se propuseram os autores mencionados, não se apresenta como uma possibilidade próxima ou longínqua, não há como se negar as interpretações de tal teoria quando as crises do capitalismo nos batem à porta. A discussão inicia-se com uma reflexão sobre o desenvolvimento da classe burguesa, os seus avanços e as suas contradições, não deixando de estabelecer uma relação com o desenvolvimento e a dinamização da economia em tempos atuais. Ao mesmo tempo, se faz uma reflexão acerca do desenvolvimento da classe trabalhadora ao longo do século XX e início do XXI, em que, assim como o desenvolvimento burguês, apresenta toda sua complexidade e dinâmica, própria de uma sociedade em constante transformação. Neste sentido, o ideal revolucionário, tão marcante e característico de tal teoria, apresenta um caminho mais no campo filosófico e ideológico do que em uma realidade prática e vivenciada. Isto, de maneira alguma, retira os méritos de uma teoria econômico-social que pretendeu mudar o mundo em que vivemos. Apenas nos oferece maiores desafios de superar ou minimizar as nossa próprias contradições. Participaram deste encontro Paulo Toste, Raphael Reis, Ana Carolina, e eu, Marcelo Novais. Seguindo a ordem do grupo de leitura, a próxima obra a ser discutida será O Livro de Areia, uma coletânea de Contos do prestigiado autor argentino Jorge Luis Borges. O encontro será na Planet Music dia 29 de setembro às 18 horas. Tenhamos todos uma ótima leitura

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Próxima Leitura: O Manifesto Comunista

Prepara o café e o pão de queijo! No próximo domingo (25/08) vamos receber duas visitas ilustres: os jovens Marx e Engels.
Dando prosseguimento a tríade de leituras do Grupo Prazer da Leitura (Literatura Brasileira, Literatura Estrangeira e Ciência Humanas), no último encontro foi escolhida a obra “O Manifesto Comunista”, dos pensadores supracitados.
Compartilhamos a ideia de que boas obras, principalmente, aquelas consideradas como “clássico”, permite reflexões, discussões, pontos de vista distintos, e, especificamente, a fazer uma leitura do presente a partir de e com ela -, não tenho a menor dúvida que este encontro permitirá isso tudo e mais um pouco!
Como provocação inicial: será que o Manifesto tem algo a nos dizer? Se tem algo a nos dizer, o que seria? Se não tem nada a dizer, é o fim da história e da sociedade de classes? Vivemos numa sociedade sem classes ou viveremos?
Bem, o Manifesto do Partido Comunista representa uma fase da vida dos autores, na qual são construídos conceitos fundamentais: materialismo histórico, materialismo dialético, teoria da luta de classes, papel revolucionário do proletariado e comunismo.
Independente de concordar ou não com as concepções, o fato é que o "Manifesto" é fruto de um contexto histórico muito importante, pois foi elaborado pelo movimento proletário, orientando o posicionamento e atuação da Liga Comunista. Além disso, foi inspiração a futuros partidos proletários e à revolução bolchevista de 1917, portanto, só por estes fatores, se constituí como um dos principais documentos históricos até hoje produzido.
Por fim, finalizo este aperitivo com Hobsbawm:
“Não obstante, se hoje nos impressiona a agudeza com que o Manifesto anteviu o futuro, então remoto, de um capitalismo enormemente globalizado, o insucesso de outra de suas previsões é igualmente digno de nota. Está agora evidente que a burguesia não produziu ‘principalmente seus próprios coveiros’ no proletariado. ‘Sua queda e a vitória do proletariado’ não se mostraram ‘igualmente inevitáveis’. O contraste entre as duas metades da análise do Manifesto em sua parte intitulada ‘Burgueses e Proletários’ pede maiores explicações depois de 150 anos”.
Àqueles que se interessarem, fica a dica de leitura do livro “Como mudar o mundo", de Eric Hobsbwm”.

Para o encontro, aguardamos a presença dos “companheiros”, além deste que vos fala: Marcelo Novais, Paulo Tostes, Wanessa, Joselaine, Carol e Messias.

Os integrantes Carla Machado e Marcos Godoy, infelizmente, estarão ausentes para este encontro.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

ÚLTIMO ENCONTRO LITERÁRIO (ATA)

Marcado por um profundo mergulho na Juiz de Fora dos anos 40, o nosso último encontro literário ocorreu no dia 04 de agosto de 2013 na Planet Music de 18 às 20 horas, onde discutimos a obra Os Anos 40: a ficção e o real de uma época de Rachel Jardim. Participaram do encontro Paulo Toste, Rafael Reis e eu, Marcelo Novais.

O encontro começou com uma breve análise sobre a forma memorialista da obra, assim como a relação da autora com este estilo literário e também uma breve comparação sobre a sua forma memorialista de escrever em relação às memórias escritas por Pedro Nava e Murilo Mendes, seus conterrâneos e de quem a autora demonstra uma certa admiração. Enquanto Murilo Mendes, segundo  análise de grupo, apresenta as memórias juizforanas de uma maneira quase ufanista, apresentando aquilo que de mais moderno, efervecente e progressista caracteriza a cidade, Rachel Jardim constrói uma memória da cidade, onde se destacam as características psicológicas e sociais de uma socieade típica de uma época. Aqui, em Os Anos 40, o marcante na obra são as características dos personagens, os seus comportamentos, os seus hábitos que delimitam e marcam os valores de uma época  por vezes questionados pela autora.

Os Anos 40 é uma obra que fala de tradição e mineiridade, não deixando de abordar a sua forma peculiar de religiosidade, assim como a dificuldade de se adequar aos novos valores que se iniciam naquela época. É uma época de conflito, onde o natural movimento da mudança enconta suas barreiras em uma forte tradição que estabelece raízes com o processo de formação histórico-social de uma socidade "tipicamente mineira".  Não é uma obra de memórias simples, mas são as memórias urbanísticas, industriais, culturais e psico-sociais de uma cidade que procura, ao mesmo tempo, afirmar e reavaliar a sua identidade. Neste sentido ela se apresenta mais atual do que nunca. E para o entendimento e compreensão da cidade, tanto de seu passado, quanto de seu presente, merece muito ser lida.

O próximo encontro será também na Planet Music, no dia 25 de agosto de 2013 às 18 horas.

A próxima obra escolhida foi o Manifesto Comunista, de Karl Marx.

Tenhamos todos uma ótima leitura.  

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A OBRA DO MÊS Os Anos 40: a ficção e o real de uma época, de Rachel Jardim

A obra literária escolhida para este mês de julho foi Os Anos 40:  a ficção e o real de uma época. A leitura de Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, entre outras percepções, nos fez atentar para a necessidade de conhecer um pouco mais sobre o espaço urbano (Juiz de Fora) convivido e compartilhado por nós. Neste sentido, não poderia ter havido melhor escolha. A escolha deste "romance memorialista" nos dá a oportunidade de viajar por uma Juiz de Fora dos anos 40 marcada pela sua efervescência e tradição cultural, por uma sociedade urbano-industrial em que o nome Manchester Mineira ainda fazia jus à cidade.

Rachel Jardim nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, aos 19 de setembro de 1926, onde passou toda sua infância. Passou uma temporada em Guaratinguetá, interior paulista, e em 1942 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em Direito pela Puc-RJ. Ingressou-se  no funcionalismo público. Fez estágios em museus de Nova York e, de volta ao Brasil, dirigiu o Patrimônio Cultural e Artístico do Rio de Janeiro. Colabora com a imprensa (Jornal do Brasil, Suplemento Literário do Minas Gerais e correio do Povo - RS).

No entanto, Rachel Jardim se notabiliza mesmo é na literatura. Autora de várias obras literárias, sofreu forte influência de grandes nomes desta área como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Proust, Pedro Nava - de quem é grande admiradora -, Cecília Meireles, Virgínia Woolf, entre outros.

"Os Anos 40": a ficção e o real de uma época foi o seu primeiro livro. Lançado em 1973, em uma fase já adulta da autora, é uma narrativa ficcional e memorialista de uma Juiz de Fora dos anos de 1940, onde se percebe a mistura de uma efervecência cultural de vanguarda com uma tradição sócio-familiar tipicamente mineira. Com esta obra Rachel Jardim se junta aos principais autores memorialistas de Minas Gerais, juntamente com Murilo Mendes e Pedro Nava.

Entre as suas obras mais importantes, além de "Os Anos 40"  (1973), estão Cheiros e Ruídos (contos), 1982; Cristaleira Invisível (contos), também de 1982; Vazio Pleno (Relatório do cotidiano), 1976; Inventário das Cinzas (Romance), 1980 - considerado pela autora o seu  livro mais cruel e uma de suas melhores obras -; O Penhoar Chinês (Romance), 1985 e Num reino à beira do rio (Um caderno poético de Murilo Mendes). Funalfa Edições. Juiz de Fora, 2004. Considerado pela autora sua melhor obra.  

Ótima leitura a todo(a)s!!! 

domingo, 7 de julho de 2013

Ata do encontro do dia 0707/2013 - As Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino

  Partindo de algum ponto, os participantes Marcelo Novais e Paulo Tostes encontraram a residência de Raphael Reis, local de discussão da obra "As Cidades Invisíveis", de Ítalo Calvino.

  Com edição da Companhia das Letras (2012) passaram pelas 150 páginas, 55 cidades e 11 categorias de cidades. Fizeram várias reflexões da mesma "materialidade" das cidades.

  A peculiaridade da discussão foi a de quem chega a refletir sobre outras cidades, inevitavelmente, pensa sobre a sua, faz comparações, distinções, procura semelhanças. E faz emergir aquilo que a cidade lhe oferece...

  E qual seria o futuro das cidades (da minha também?)

 " E Polo:

  - O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço". (p. 150)

  Para o próximo encontro foi escolhida a obra "Os Anos 40", de Rachel Jardim.






sexta-feira, 21 de junho de 2013

Uma tentativa de abordar uma questão complexa

Uma tentativa de abordar uma questão complexa

A única ciência que dará conta de analisar os acontecimentos atuais no Brasil, de forma mais satisfatória será a História, devido sua especificidade em relação ao tempo. Mas, para aqueles que estão vivenciado os acontecimentos há uma tendência, um esforço de fazer uma análise que consiga dar uma sistematização ao pensamento e às ações humanas, a fim de entender a realidade objetiva. Contudo, os referencias das ciências humanas para fundamentar as análises produzidas até o momento não foram suficientes para compreender ou explicar o que está em cursus , portanto, esse texto é também uma tentativa fracassada em si.

Não pretendo levantar as perguntas repetidas à exaustão, cujas respostas ainda não temos. Tampouco quero detalhar que os conceitos usuais no campo político, tais como, esquerda, direita, partido, agenda política, negociação, classe social, organização, meios de comunicação, etc., não estão funcionando, a priori, como conceitos explicativos. Então, o que me cabe? Partir de premissas, que podem ou não serem validadas.

1 Grupos sociais (noção que aqui uso é de que a sociedade está dentro do indivíduo) estão indo às ruas, com um desejo que estava latente, isto é, expressando suas reivindicações de grupo numa coletividade de diversos grupos.

Se a premissa 1 é verdadeira, para se entender o que está acontecendo, é preciso separar as reivindicações e relacioná-las aos grupos sociais e às quais frações de classe pertencem. Além disso, é muito sábio saber que “povo” não é o povo que muitas vezes se pretende personificar e defender.

2 Os grupos se juntaram, para expressar suas reivindicações específicas, numa ilusão de que assim elas poderão ser mais facilmente atendidas, devido à visibilidade e a "união", forjada, de todos e de tudo. O meio para tal foi mais importante do que algo que talvez os una. Portanto, essas manifestações têm uma característica singular que é reunir demandas variadas num mesmo espaço reivindicatório (ruas), através de um novo espaço público (redes sociais), logo tudo isso muito difuso.

Se a premissa 2 é verdadeira, entende-se a dificuldade de negociar, pois negociar o quê, com quem e com quais grupos?

3 Se não for um modismo, ficará no ar um risco iminente, pois as maneiras tradicionais de se organizar e de se representar estão perdendo poder simbólico.

Se a premissa 3 é verdadeira, haverá uma intensificação das lutas e, por conseguinte, o campo político sofrerá modificações significativas e imprevisíveis.

4 Visto a especificidade da premissa 1 e o caráter “futurológico” da 3, não adiantará atender a uma demanda específica, pois não são pessoas ou um grupo reivindicando, e sim grupos, em suas diversas complexidades.

Como saída para o labirinto posto, caso a premissa 3 seja verdadeira, ou teremos um recrudescimento do governo ou aperfeiçoamento do jogo democrático - o meio termo não será aceito ou exequível, até mesmo porque não está em discussão a superação do sistema.

5 Por último, uma premissa que não é minha e que, tampouco é referente ao nosso contexto, mas pode funcionar como tal. Gramsci (Caderno do Cárcere, v.3, pp. 262-263) faz a seguinte reflexão: “que uma multidão de pessoas dominadas pelos interesses imediatos ou tomadas pela paixão suscitadas pelas impressões momentâneas, transmitidas acriticamente de boca em boca, unifica-se na decisão coletiva pior, que corresponde aos mais baixos instintos bestiais".

Se a premissa 3 for total o parcialmente inválida e a premissa 5 válida, haverá uma despolitização perigosa, revelada em ações que degradam o patrimônio público, que violentam direitos conquistados e que esquecem o cursus de lutas históricas. Pior, que coisas complexas sejam tratadas ainda mais de maneira superficial, festeira.

Raphael Reis
Juiz de Fora, 22 de junho de 2013

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A OBRA DO MÊS

 A obra literária deste mês é As Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, um  dos mais importantes escritores italianos do século XX.                            

Filho de pais italianos e considerado por muitos como um dos mais importantes escritores italianos do século XX, Ítalo Calvino nasceu em Santiago de Las Vegas (Cuba) em 23 de outubro de 1923. Logo depois, com apenas dois anos de idade mudou-se para a Itália, onde recebeu educação laica e ingressou-se na Faculdade de Agronomia da Universidade de Turim, continuando seus estudos na Universidade de Florença.
Chamado a participar do começo da Segunda Guerra Mundial, Ítalo Calvino recusou-se, passando a atuar na clandestinidade e a integra as Brigadas Garibaldi, um grupo político de tendência comunista. Finalizada a Segunda Grande Guerra, o autor mudou-se para Turim, abandou seu curso inicial, ingressou no curso de Letras, carreira em que licenciou-se e doutorou-se com uma tese sobre  Joseph Conrad, passando a colaborar com diversos periódicos. Filiou-se ao Partido Comunista e começou a trabalhar no Departamento de Publicidade da Editorial Enaudi, onde entrou em contato com intelectuais de esquerda, publicando sua primeira novela em 1947 e continuando sua carreira literária desde então.
Somente a partir dos anos de 1950 Calvino começaria a escrever as obras que o tornaram famoso internacionalmente. Seus primeiros grandes sucessos são "O Visconde Partido ao Meio" (1952), "O Barão nas Árvores" (1957) e "O Cavaleiro Inexistente" (1959).
Em 1957, Calvino se desliga do Partido Comunista. Em 1972, publica "Cidades Invisíveis" – considerada pelo próprio autor uma de suas mais importantes obras - ;  "Se um Viajante numa Noite de Inverno", de 1979, explora com ironia a relação do leitor com a obra literária. "Palomar" é de 1983. Traduzidos para inúmeras línguas, os três têm lugar de destaque no repertório da literatura pós-moderna da Europa.
Calvino morreu em 1985, consagrado como um dos mais importantes escritores italianos do século 20. Entre seus muitos outros livros incluem-se "Seis Propostas para o Próximo Milênio", "Amores Difíceis" e "O Castelo dos Destinos Cruzados".
                    

SOBRE A OBRA

Cidades Invisíveis, reconhecida pelo autor como uma de suas obras mais importantes, relata as impressões do mais famoso viajante veneziano ao imperador Kublai Khan sobre as cidades por onde passa. O que surge ao longo do livro é uma geografia fantástica, onde a vertigem do detalhe leva a mais abrangente simbologia, onde a rapidez e a concisão do estilo é acompanhada do tom encantatório próprio das fábulas e contos populares. Os lugares que Marco descreve sofrem refrações da memória, as duplicidades do espelho, as insaciabilidades do desejo.
Dialogando com o Realismo Mágico de Jorge Luiz Borges, de quem o autor é declaradamente admirador e, portanto um dos responsáveis pela difusão e importância do autor argentino na Itália, Calvino adverte que As Cidades Invisíveis não deve ser devorada com a avidez de querer saber o que irá acontecer depois, mas saborear lentamente cada texto em si mesmo. Nas palavras do autor “ De uma cidade, não aproveitamos as sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas”[...]  “ Se meu livro As Cidades Invisíveis continua sendo para mim aquele em que penso haver dito mais coisas, será talvez porque tenha conseguido concentrar em um único símbolo todas as minhas reflexões, experiências e conjecturas”

Uma ótima leitura a todo (a)s!!!


terça-feira, 4 de junho de 2013

ATA DE MAIO

No dia 26/05/13 tivemos o prazer de discutir sobre o livro de Freud "O Mal estar na Civilização". Foi uma ótima conversa e muito prontamente recebemos a presença da Anna Rita (psicóloga e estudante de psicanálise) que nos ajudou muito a entender essa magnífica obra freudiana.
Estiveram presente na discussão eu, Anna Rita, Marcelo, Raphael e Paulo (convidado).
Foi muito bom poder ter contato com essa obra tão significativa, apesar de termos ainda muitas dúvidas sobre o tema. Mas isso faz parte, afinal estamos sempre aprendendo!
Para o próximo encontro, no dia 30/06 na casa do Rapahel discutiremos a obra de Italo Calvino "Cidades Invisíveis", obra indicada pelo Marcelo.
As expectativas são as melhores!

domingo, 19 de maio de 2013

Eco Elétrico no Museu Murilo Mendes


Aconteceu, no dia 09 de maio, nos jardins do MAMM (MUSEU DE ARTE MURILO MENDES) o Eco Performances Poéticas - edição especial com o lançamento do livro Trovadores Elétricos de Anderson Pires, um dos fundadores do Coletivo - Eco Performances Poéticas.  O evento contou com aproximadamente 120 pessoas que puderam assitir  a algumas produções de vídeo poesia, sarau e, ainda, o coquetel de lançamento do livro.

O grupo Eco começou suas atividades em julho de 2008 e os saraus aconteceram, desde essa ápoca, mensalmente (toda a primeira quinta-feira do mês) no Espaço Cultural Mezcla. Com a iminência do fechamento do espaço , que se concretizou nesta última semana, o Coletivo Eco estava parado, desde janeiro de 2013, procurando um espaço que pudesse acolher música, vídeo-poesia e a poesia, grande anfitriã desses encontros, além é claro, do bom bate-papo e dos encontros que geralmente transformam-se em novas poesias.

O retorno do sarau no MAMM foi a oportunidade do reencontro com o cinema (vários vídeos poemas foram apresentados), com a boa música de Pedro Paiva (do Vinil é Arte - e que está no Eco desde a primeira apresentação) e com a boa poesia - além dos convidados: André Monteiro, Tiago Rattes, Laura Assis,  Anelise Freitas, Fred Sapada, Alexandre Faria e Julio Satyro, tivemos a oportunidade de assistir a performance de Anderson Pires apresentando o seu Trovadores Elétricos.



Vale destacar, que Anderson Pires está no coletivo Eco Perfomances Poéticas desde a primeira apresentação do sarau  no Espaço Mezcla, e que, durante estes quase seis anos de existência, o grupo teve  a passagem de vários integrantes, mas a poesia de Anderson e a música de Pedro sempre estiveram presentes. Além das apresentações em nossa cidade, o grupo já  levou  a arten da Manchester Mineira para  Rio de Janeiro, Viçosa, Belo Horizonte e outras cidades.



Na apresentação do MAMM, Anderson Pires destacou que Juiz de Fora já foi uma cidade mais pacata, que a violência vem aumentando e que a poesia, a música, a arte pode ser uma excelente arma de transformação social.



Carla Machado


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Uma nova agenda para as políticas públicas do livro e leitura no Brasil: o surgimento do PNLL

UMA NOVA AGENDA PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS DO LIVRO E LEITURA NO

BRASIL: O PLANO NACIONAL DO LIVRO E LEITURA (PNLL)

Raphael de Oliveira Reis

Resumo: A realidade do livro e da leitura no Brasil está numa situação nada satisfatória. A última pesquisa
divulgada pelo Instituto Pró-Ler (Retratos da Leitura, 2012) aponta que o Brasil continua com um baixo índice de leitura, totalizando 4,1 livros por habitante/ano entre os entrevistados, sendo 2,1 inteiros e 2,0 em partes (IPL, Retratos da Leitura, 2012, p. 71). Esse índice, bem como outros resultados da pesquisa mostram as dificuldades de se construir um país de leitores, que encontra obstáculos históricos, socioeconômicos e educacionais. Dessa forma, o presente artigo pretende fazer uma breve contextualização do leitor, livro e leitura no Brasil e, principalmente, mostrar como o livro e a leitura ganharam espaço numa nova agenda de políticas públicas na área cultural e educacional, especificamente, no século XXI, com a proposta de consolidar uma política de Estado para o Livro e a Leitura com o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), em 2006. Assim, vamos fazer considerações sobre PNLL, o qual está estruturado em 4 eixos, a saber: 1º) democratização do acesso; 2º) fomento à leitura e à formação de mediadores; 3º) valorização da cultura e comunicação; e 4º) desenvolvimento da economia do livro. A fim de fazer uma breve contextualização do leitor, livro e leitura no Brasil, bem como a construção de um público leitor, vamos dialogar principalmente com Lindoso (2004) e com a pesquisa Retratos da Leitura de 2012, realizada pelo Instituto Pró-Ler. Para fazer considerações sobre o PNLL, estabelecemos um diálogo mais profícuo com Neto (2010), além de usarmos reflexões teóricas, tais como, Chauí (2008), Giddens (2001) e Bresser-Pereira (1995), com a finalidade de discutirmos a concepção de Estado que permeia o PNLL e a relação entre Estado e Cultura.


Palavras-Chave: Políticas Públicas do livro e leitura; Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL); Estado e Cultura.