quarta-feira, 29 de junho de 2011

Literatura em Cena: Estreia de 'O idiota' inaugura onda de Dostoiévski no teatro


Como os autores russos têm sido uma constante em nossos encontros, que tal uma brevíssima reflexão sobre a matéria abaixo!!!

RIO - Idealizada pela Mundana Companhia, criada pelos atores Aury Porto e Luah Guimarãez, "O idiota - Uma novela teatral", que chega, nesta quarta-feira, ao galpão do Espaço Tom Jobim não será a única grande encenação criada a partir de Dostoiévski a cruzar os palcos neste ano.

O diretor Fábio Ferreira estreia, em agosto, "O idiota - Primeiro dia", enquanto o ator Caio Blat oferece o resultado de imersão em "Os irmãos Karamazov", numa adaptação assinada em parceria com Manoel Candeias.

- Acabei de fechar minha revisão do texto, já estou em captação para começar ainda neste ano - diz Caio.

Na montagem da Mundana, as 700 páginas de "O idiota" foram distribuídas em 12 capítulos e em três partes, que poderão ser vistas em dias diferentes e também numa versão integral com 5h40m, apresentada às segundas e terças.

- A minha identificação com "O idiota" foi imediata. Míchkin é uma espécie de Dom Quixote russo. É o homem bom, que traz um lado que cada um de nós tem, o da fé na Humanidade - diz Cibele.

A montagem começa com público e atores se encaminhando para o mesmo lugar, uma estação de trem. É lá que se inicia a peça e a saga do príncipe Míchkin. Recém-saído de um hospício na Suíça, onde fora tratar sua epilepsia, ele toma o vagão rumo a São Petersburgo. No trajeto, conhece Ragôjan, um homem que acaba de herdar uma vultosa quantia do pai e sonha em seduzir Nastássia Filípovna. Ao chegar à cidade, Míchkin procura por uma parente distante, Lisavieta.

É nesta primeira parte, passada em apenas um dia, que se estabelece o primeiro triângulo amoroso da trama, entre Míchkin, Ragôjan e Filíppovna. Na segunda, que se passa seis meses após o regresso de Míchkin, desenvolve-se outra relação a três. Desta vez, entre Míchkin e Filíppovna está Aglaia, a filha de Lisavieta. Em disputa, sempre, o coração puro e a alma santificada de Míchkin.

- O grande eixo é Míchkin. Tentamos levar a plateia a atravessar o romance e a enxergar o que se passa através dos olhos e do coração dele. Por isso, para nós, ser idiota é talvez o maior elogio que se possa fazer a alguém. É como assumir: sim, eu sou um idiota, porque eu me permito ser ingenuamente verdadeiro e a ter fé. Essa é a idiotia do Míchkin - define Cibele.

Uma idiotia muito similar à que Aury Porto, que adapta e interpreta Míchkin, enxergou em Cibele e que o fez convidá-la a dirigir o projeto.

- A idiotia dela é a delicadeza, a dedicação à beleza e à contemplação.

Herói trágico, humanista e dotado de uma compaixão ilimitada, Míchkin é um inepto, alguém cujas bondade e sinceridade se chocam com uma sociedade regida por dinheiro, poder e ambição. Entre a loucura e a clarividência, ele também iluminou a imaginação do diretor Fábio Ferreira, que a partir de agosto encena no Parque das Ruínas a sua adaptação para a obra.

- Dostoiévski é uma visão de mundo que se apossa de quem mergulha em seus romances. Eu sou adicto.

Fonte:http://oglobo.globo.com/cultura/

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Encontro do Mês (Junho de 2011): Leite Derramado, de Chico Buarque


A obra:


Leite Derramado é um inventário de memórias, a retomada mental de uma vida longuíssima feita por um senhor moribundo em uma cama de hospital - esse senhor é Eulálio d'Assumpção, membro de uma tradicional família do Rio de Janeiro. E, como toda memória, é feita de incongruências, descontinuidades, incertezas, contradições. Eulálio recorda sua infância ao lado do pai, importante político da Primeira República que acabou assassinado, a adolescência, as viagens ao exterior, e a decadência na qual mergulhou sua família ao longo dos anos. Mas, sobretudo, Eulálio recorda de Matilde, sua mulher, grande paixão de juventude que, ao abandoná-lo, se tornou sua obsessão. É a lembrança de Matilde que perpassa toda a melancólica narrativa de Leite Derramado.

O livro venceu os dois principais prêmios da literatura brasileira em 2010: o Portugal Telecom e o Jabuti. Nesse último, no entanto, gerou polêmica ao ser sagrado como "livro do ano", já que não havia sido premiado na categoria "melhor romance" (situação semelhante ocorreu, alguns anos antes, com outra obra do autor, "Budapeste"). Na época, chegou a surgir uma petição na internet defendendo a devolução do Jabuti por Chico Buarque, já que este não seria merecedor do prêmio. É provável que muitos dos que assinaram tal petição não tenha lido Leite Derramado...

O autor:


Chico Buarque de Hollanda é um dos maiores compositores e intérpretes da música brasileira, autor de algumas obras-primas musicais, que já foram objetos de diversas releituras. Chico é o que poderia ser chamado de ícone da MPB, posto que divide com nomes como João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil (ainda vivos).
No entanto, desde muito cedo em sua carreira Chico já se dedicava a outras artes. É o autor de peças teatrais importantes, como Roda Viva (1968), Calabar (1973), Gota d'Água (1975) e Ópera do Malandro (1979). No romance, porém, iniciou tardiamente: Estorvo, seu livro de estreia, é de 1991. Depois vieram Benjamin (1995) e Budapeste (2003).
Nascido em 1944, Chico Buarque é filho de um dos maiores nomes das Ciências Humanas e Sociais brasileiras, Sérgio Buarque de Hollanda.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Palestra com a Professora Drª. Fernanda Bernado: Cinema e Poesia

O Prof. Luiz Fernando Medeiros de Carvalho irá receber, em sua aula neste sábado, dia 18/06, no Mestrado em Letras do CES/JF, a Professora Doutora Fernanda Bernardo, de Portugal, que dará a palestra "Cinema e Poesia", neste sábado, 10h às 12h, na sala 401, do Campus Verbum Divinum.
 
Fernanda Bernardo é professora associada do Instituto de Estudos Filosóficos da Faculdade de Letras, da Universidade de Coimbra, e é conhecida por ser uma das mais importantes tradutoras da obra do filósofo francês Jacques Derrida para a língua portuguesa. É coordenadora científica do "Projecto de investigação trans-disciplinar (FCT): «Jacques Derrida – Língua e Soberania»".
Está no Brasil para participar do "I Colóquio Internacional Desconstrução, Linguagem e Alteridade: heranças de Jacques Derrida", na UFRJ.
 
Entre suas publicações, estão o livro Derrida à Coimbra – Derrida em Coimbra (Viseu, 2005) e as traduções de J. Derrida, Aprender finalmente a viver (Coimbra, 2005) e Carneiros. O diálogo ininterrupto: entre dois infinitos, o poema, (Viseu, 2006).
 
A palestra da Professora Fernanda é direcionada aos mestrandos em Letras do CES/JF e demais interessados.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Caps/HU realiza campanha para montar biblioteca para pacientes

A leitura é uma importante ferramenta de comunicação, aprendizado e criatividade. Pensando nisso, o Centro de Apoio Psicossocial (Caps) do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está realizando a campanha do livro, uma iniciativa que visa a criação de uma biblioteca para os pacientes.
Segundo a residente de Psicologia Carla Cristina do Vale, a biblioteca seria mais uma opção para diversificar as atividades do Centro, além de proporcionar o acesso à cultura. “Aqui nós temos muitos pacientes alfabetizados, por isso, a necessidade de termos um espaço para a leitura. Futuramente, pensamos em encaixar alguma atividade de leitura na grade do Caps, mas
agora o projeto é abrir essa biblioteca para incentivar a leitura entre os pacientes. Aqui eles poderão pegar um livro e levar para casa.”
Para a realização dessa campanha o Caps conta com o apoio do Núcleo de Humanização. “Estamos oferecendo suporte ao Caps, colhendo algumas doações e divulgando a campanha aos amigos e colegas de trabalho”, ressalta a coordenadora Rejane Guingo.
As doações começaram a ser recebidas no mês passado com o apoio de amigos, estagiários do Caps, Editora UFJF, Editora Vozes e Editora Leitura. Ao todo foram recebidos 94 livros. “Todos os tipos de livros são bem-vindos, dos contos infantis ao ‘Código da Vinci’, nós temos pacientes de todos os níveis” afirma Carla. As doações podem ser feitas no Caps/HU, que fica localizado na Rua Melo Franco 11, no Bairro São Mateus.
Outras informações: (32) 4009-5393 (Assessoria do HU)
www.ufjf.br/hu
www.twitter.com/huufjf_noticia

Fonte: Disponível em [http://www.ufjf.br/dircom/2011/06/07/capshu-realiza-campanha-para-montar-biblioteca-para-pacientes/]. Acesso: 08/06/2011.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

"A Morte de Ivan Ilitch - Uma Breve Reflexão - "









Considerada por muitos como a melhor novela da literatura universal, A Morte de Ivan Ilitch, é um romance realista curto, de leitura rápida, mas de uma profundidade analítica marcante sobre o seu personagem principal, assim como de toda sua família. O romance conta a história de um bem sucedido jurista de família influente da sociedade russa, que no auge de sua carreira e de forma repentina, se vê em uma situação de decadência pessoal sendo agravada por um problema de saúde mal explicado e cada vez mais intenso que acaba levando-o à morte.
No livro, que é narrado em terceira pessoa, pode-se perceber alguns aspectos próprios deste estilo literário. O primeiro, e mais impactante é o seu começo. Inicia-se já com a parte final de sua vida, descrevendo todo o ambiente do seu velório, bem como os dilemas a serem enfrentados pela viúva. Além de uma análise sutil daquela sociedade, dentro de um contexto histórico próprio, vários outros aspéctos realistas podem ser identificados. Uma relação muito próxima com o grande escritor brasileiro Machado de Assis é marcante. Primeiro, a forma como se inicia o romance, como já mencionado, estabelecendo uma relação com Memórias Póstumas de Braz Cubas - colocando qualquer leitor desavisado em estado de choque - assim como uma descrição de ambos os personagens de forma a revelar suas identidades. Um outro aspecto é o fato de sua doença não ser explicada, muito menos levada à cura, muito embora os mais famosos especialistas da área tenham sido consultados, podendo ser entendida como uma crítica do autor aos mais variados cientificismos da época, colocando-se em paralelo com O Alinista de nosso grande autor em que seu personagem principal - Simão Bacamarte - que de médico psiquiatra, além de se equivocar na escolha de sua esposa sob o "ponto de vista fisiológico" se torna portador da lucura a qual até aquele momento era seu objeto de cura.
Enfim, a crítica social, ora de forma descritiva, ora de forma analítica de seus personagens, é algo de fundamental a ser percebido na obra de Tostoi em que se concilia narrativa, análise psicossocial dos personagens e contexto histórico.

Grupo Fale oferece minicurso “Letramento Literário”

O Grupo Fale (Formação de Professores, Alfabetização, Linguagem e Ensino) da Faculdade de Educação realizará, entre 20 e 27 de junho, o minicurso “Letramento Literário”, voltado para professores de português da rede pública e privada, e alunos de Pedagogia e Letras. O objetivo é identificar quais as causas da falta de interesse dos alunos pela literatura e expor métodos para estimular o hábito nos jovens.
O minicurso acontecerá na Faculdade de Educação, das 18h30 às 22h30. Para se matricular basta preencher a ficha de inscrição, disponível no site da Fale e enviá-la para o e-mail grupo.fale@ufjf.br, com o assunto “inscrições para minicurso”. O valor da inscrição é de R$ 30.
O “Letramento Literário” faz parte da série de minicursos que o grupo Fale tem realizado duas vezes por mês, de março a novembro, tratando de temas relevantes para a educação e a capacitação de professores.
Segundo a professora Tânia Magalhães, integrante do projeto, o aproveitamento dos cursos superou as expectativas. “O rendimento tem sido muito bom. Os professores têm chegado com muitas dúvidas e a troca de informação sobre experiência em sala de aula é muito rica.”
Tânia ressaltou que “a grande procura atesta a necessidade desse tipo de reciclagem para aprender a lidar com os novos desafios do ensino. O curso sobre planejamento de pesquisa, por exemplo, teve uma procura tão grande que vamos ministrá-lo novamente em julho”.

Outras informações: (32) 2102-3650 (Faculdade de Educação)

Fonte: Disponível em [http://www.ufjf.br/dircom/?p=44519]. Acesso em: 01/06/2011