quinta-feira, 23 de junho de 2011

Encontro do Mês (Junho de 2011): Leite Derramado, de Chico Buarque


A obra:


Leite Derramado é um inventário de memórias, a retomada mental de uma vida longuíssima feita por um senhor moribundo em uma cama de hospital - esse senhor é Eulálio d'Assumpção, membro de uma tradicional família do Rio de Janeiro. E, como toda memória, é feita de incongruências, descontinuidades, incertezas, contradições. Eulálio recorda sua infância ao lado do pai, importante político da Primeira República que acabou assassinado, a adolescência, as viagens ao exterior, e a decadência na qual mergulhou sua família ao longo dos anos. Mas, sobretudo, Eulálio recorda de Matilde, sua mulher, grande paixão de juventude que, ao abandoná-lo, se tornou sua obsessão. É a lembrança de Matilde que perpassa toda a melancólica narrativa de Leite Derramado.

O livro venceu os dois principais prêmios da literatura brasileira em 2010: o Portugal Telecom e o Jabuti. Nesse último, no entanto, gerou polêmica ao ser sagrado como "livro do ano", já que não havia sido premiado na categoria "melhor romance" (situação semelhante ocorreu, alguns anos antes, com outra obra do autor, "Budapeste"). Na época, chegou a surgir uma petição na internet defendendo a devolução do Jabuti por Chico Buarque, já que este não seria merecedor do prêmio. É provável que muitos dos que assinaram tal petição não tenha lido Leite Derramado...

O autor:


Chico Buarque de Hollanda é um dos maiores compositores e intérpretes da música brasileira, autor de algumas obras-primas musicais, que já foram objetos de diversas releituras. Chico é o que poderia ser chamado de ícone da MPB, posto que divide com nomes como João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil (ainda vivos).
No entanto, desde muito cedo em sua carreira Chico já se dedicava a outras artes. É o autor de peças teatrais importantes, como Roda Viva (1968), Calabar (1973), Gota d'Água (1975) e Ópera do Malandro (1979). No romance, porém, iniciou tardiamente: Estorvo, seu livro de estreia, é de 1991. Depois vieram Benjamin (1995) e Budapeste (2003).
Nascido em 1944, Chico Buarque é filho de um dos maiores nomes das Ciências Humanas e Sociais brasileiras, Sérgio Buarque de Hollanda.

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