Como
leitura para o próximo encontro, teremos o romance "Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto, por meio do qual o autor faz uma crítica ao
nacionalismo ufanista do final do século XIX e início do século XX.
Contudo,
o texto vai mais além: é um embate entre a utopia e a realidade, pois o sonho
de Policarpo Quaresma acaba
por levá-lo a um trágico fim, sendo condenado à morte pelas próprias forças
políticas que ele apoiava. Assim, aquele que tanto sonhou com um país mais
justo e com menos desigualdades é derrotado em seus ideais.
O
personagem nos lembra bem aquela perspectiva quixotesca, uma vez que o grande
anseio de Quaresma o conduz a uma
causa perdida, que parece existir somente pra ele. Afinal, a paixão por seu
país é ao mesmo tempo a causa de sua loucura, pois não é o bastante para
protegê-lo da fúria do sistema político e social em que vive.
Temos,
assim, uma oportuna leitura sobre o nacionalismo exacerbado e os rumos da nossa
primeira República, o que, aliás, não está tão diferente da República dos
nossos dias, a qual ainda insiste num tipo de nacionalismo alienante pra
esconder males sociais que apenas superficialmente têm sido contornados, enquanto usa a máquina pública primeiramente em causa própria.
Portanto,
apesar de ter sido escrito há mais de 100 anos, a obra pode perfeitamente
dialogar com o atual contexto nacional e com os “quixotes” contemporâneos que
ainda idealizam um país melhor...
Considerado
pela crítica literária um dos grandes escritores do Pré-Modernismo brasileiro, fica então a boa narrativa de Lima
Barreto para o encontro de fevereiro. Publicada inicialmente em folhetins, em
1911, na edição vespertina do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, a obra foi
impressa em livro apenas quatro anos depois.
Por Paulo Tostes