quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Próximo encontro: O Livro de Areia, de Jorge Luis Borges

Prepara que agora é a leitura de Borges, nada mais nada menos que o "pequeno" livro de contos intitulado "Livro de Areia", o qual dá nome a um dos contos.

“O número de páginas deste livro é infinito. Nenhuma é a primeira, nenhuma, a última.” (BORGES, 1999; 81)

Tendo a literatura como re-escritura, tema que contemplou amplamente em sua obra, o escritor argentino Jorge Luís Borges descreve, no Livro de Areia, uma de suas grandes “obsessões” – um livro que seja infinito. Nesse sentido, se desenrola a história de um personagem que compra um livro de um desconhecido e insistente vendedor de livros, ou Bíblias, que bate à porta de sua casa. Sem princípio nem fim, a narrativa, bem borgeana, é sempre uma nova possibilidade de leitura à medida que vai sendo lida; é como uma viagem rumo ao infinito e para lugares inimagináveis.
Eis a perturbadora impressão que “o livro” causa no personagem que o compra! Afinal, é uma leitura que nos leva, juntamente com esse personagem, ao desconhecido: “Faz alguns meses, ao entardecer, ouvi uma batida na porta. Abri e entrou um desconhecido (...) de traços mal conformados.” (BORGES,1999, p. 79). E ao mesmo tempo é a condição da leitura – espaço inacabado e que só se vai realizando à medida que se lê. Mas no caso do personagem central do livro de Borges, outro ponto instigante é que esse mesmo personagem não sabia ler: “Seu possuidor não sabia ler” (BORGES, 1999, p. 80).
Então, o que ele lia?
Contudo, ele “lê” fazendo-nos lê-lo, ao tentarmos decifrar o que está escrito. Percebe-se que “o livro” se confunde com nós mesmos, leitores-viajantes do infinito, quando batemos na nossa própria porta...
Ainda que breve, este pequeno texto é tão somente o convite para que possamos iniciar o contato com um dos maiores contistas e ficcionistas de todos os tempos, cosmopolita que nasceu Argentina, viveu na Europa e teve a sua obra traduzida para vários idiomas, além de ter sido nomeado, em 1955, diretor da Biblioteca Nacional de Buenos Aires. Não por menos, disse certa vez: “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria”.

Confira também a excelente postagem sobre o "olhar" de Borges, de autoria de Ailton Augusto na Revista Encontro Literário.

http://revistaencontroliterario.blogspot.com.br/search?q=O+livro+de+areia

Nenhum comentário:

Postar um comentário