Quando
se pensa em Epicuro, encontra-se um filósofo cuja proposta maior era alcançar a
paz de espírito. E como se busca isso na vida?! Contudo, poucos conseguem
aplicar os meios necessários para se viver essa paz. Para o filósofo grego, do
século IV a. C., era viver bem sem nenhum medo ou perturbação, sem nenhuma dor.
Só assim o homem poderia alcançar a felicidade. E como? Vejamos um exemplo: a
morte como fonte de angústia. Para ele, “a morte não é nada”. Afinal, todo bem
e todo mal traz suas sensações, e a morte é simplesmente a privação dessas
sensações. Quem não acha nada de terrível na morte, não achará nada de terrível
na vida, portanto, não devemos temer algo que é a ordem natural das coisas, nem
ter “desejo” de imortalidade, pois, se estamos vivos a morte não existe, e, uma
vez mortos, a morte não significa nada. Por aqui, já temos um bom começo para
pensar a Carta sobre a Felicidade e o
que move a nossa dor e o nosso prazer...
Por
sua vez, Marco Aurélio, o imperador-filósofo (121-180 d.C.), e contemporâneo do
apogeu do Império Romano, tinha como objetivo em suas “meditações” pensar sobre
si mesmo e o ambiente que envolvia os bastidores da Roma Imperial. Mais do que
apontar regras de comportamento para os outros, Marco Aurélio era um estoico, e,
como tal, sabia que nenhum homem estava isento de algum vício, portanto,
fundamental era pôr em prática os princípios de uma filosofia cosmopolita como
o Estoicismo, buscando comandar os rumos do Império em consonância com as leis
do universo – Razão maior que dirige todas as coisas. Assim, Meditações reflete uma proposta a ser
aplicada em relação às mais variadas situações da vida vividas pelo imperador.
Não é um livro que requer uma leitura linear, é mais um diário onde Marco
Aurélio registrava qualquer coisa que lhe parecesse digna de reflexão, inclusive os mistérios da vida e da morte
do homem.
Assim, levadas em conta as devidas diferenças entre
o Epicurismo e o Estoicismo, numa obra e noutra temos a oportunidade de voltar
aos “antigos” e refletir como pensavam questões essenciais da vida humana e que
continuam prementes ao homem de todos os tempos. Porém, enquanto para os
epicuristas a
busca da felicidade passa pelo prazer, desde que moderado e não traga dor, para
os estoicos, a felicidade vem da busca da harmonia entre Deus e a alma, e a
necessidade de se viver de acordo com a natureza e com a razão. Fora desta
perspectiva o homem não pode ser de fato feliz.
Neste
sentido, ainda hoje podemos extrair reflexões importantes do Epicurismo e do
Estoicismo, sendo que uma delas é que a verdadeira felicidade deve ser antes
uma busca realizada com sabedoria.
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