sábado, 9 de outubro de 2010

Carlos Drumond de Andrade



Quando Carlos Drummond de Andrade escreveu seu primeiro livro, Alguma Poesia (1930), o tema marcante era o do sujeito que constrói sua própria história e que, desde então, estaria presente ao longo de toda a sua obra. Sartre ainda não tinha publicado sua definição sobre o que implica o Existencialismo e Drumond já assumia em sua poesia a visão de que primeiro o homem existe, para depois se definir. Considerado, enfim, um dos maiores poetas brasileiros ou mesmo uma unanimidade no gosto popular, Drumond destacou, sobretudo, o cotidiano e a relação deste com a condição existencial e história do homem moderno.
Nascido em Itabira-MG, em 1902, e falecido no Rio de Janeiro, em 1987, onde viveu a maior parte de sua vida, e, mesmo sendo um burocrata no exercício do serviço público e farmacêutico de formação, o poeta jamais deixou a poesia e a grande reflexão sobre o século XX. É nessa perspectiva que, entre tantos livros, publicou O sentimento do mundo, seu terceiro livro (1940), em plena Segunda Guerra Mundial, época marcada pela ascensão de vários governos totalitários, inclusive, a Era Vargas no Brasil. Para aguçar então a a próxima leitura, ficam aqui alguns versos: “Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do mundo [...] quando me levantar o céu estará morto [...] os camaradas não me disseram que havia uma guerra [...] sinto-me disperso, / anterior a fronteiras [...] quando os corpos passarem, / eu ficarei sozinho / desafiando a recordação [...]
Em meio ao muito que escreveu, esses versos nos dão uma ideia de como o poeta-personagem observava, refletia e se integrava aos confrontos e crise de um tempo...
Por Paulo Tostes

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