quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A PELE QUE HABITO – UM FILME PÓS-MODERNO




Drama, Espanha, 2011, 120 min. Direção: Pedro Almodóvar. Com Antonio Banderas, Elena Anaya e Marisa Paredes. 

O novo filme de Almodóvar – A Pele que Habito – é a prova de que para o espanhol não há temas que não caibam na telona. O diretor mistura traição, morte, estupro, crises existenciais, loucuras, confissões maternais, sedução, obsessão e acrescenta a tudo isso, já visto em outros filmes, experiências médicas e a discussão sobre a ética nestas experiências.

O filme é daqueles que nos fazem ficar 120 minutos presos à tela, sem desgrudar os olhos, enquanto acompanhamos o cirurgião plástico Richard Ledgard (Antonio Banderas) criar um ser humano “à imagem e semelhança” de sua mulher morta, após ficar completamente queimada num acidente de carro.
Ledgard assume, na construção da narrativa surrealista, o papel de Deus e de Diabo, uma contradição, responsável por causar tamanho impacto ao espectador. O filme não tem mocinhos e bandidos – Almodóvar supera o maniqueísmo definitivamente – na narrativa, todos são humanos, por isso nem bons, nem maus: agem para atingir seus objetivos e em busca de uma felicidade deveras fugaz. 




Se em outras obras, Almodóvar já apresentava personagens andróginos, homossexuais, transexuais e dava a essas personagens grande destaque, em A pele que habito, o diretor se supera e faz Ledgard recriar um homem a partir de suas experiências médicas (psiquiátricas, dermatológicas e ginecológicas). A última fala do filme é o ápice da crise de identidade, já abordada pelo autor em outros momentos, mas, neste filme, é mais evidenciada: “Mama, yo soy Vicente!” É um filme com a cara da pós-modernidade!




4 comentários:

  1. Boa análise do filme. Realmente este diretor impressiona. Espero poder acompanhar seu blog mais de perto. Sucesso!

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  2. Olá, Douglas! Sempre que tiver publicações novas do grupo, disponibilizarei o link. Obrigada pela leitura e pelo comentário. Abraço.

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  3. Carla, você que é minha consultora de pós-modernidade, por que você considera "A pele que habito" um filme pós-moderno?
    Abraços

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  4. Oi, Marcos, só hoje que estava procurando a postagem de "entre paredes" que vi sua pergunta sobre a pós-modernidade. Uma das características principais da pós-modernidade é que as identidades são mutáveis, e neste filme, todas as identidades dos personagens são muito mutáveis, além da falta de clareza de quem é o vilão quem é o mocinho/mocinha, até mesmo as identidades sexuais não são fixas... por isso é um filme pós-moderno. Espero que veja meu comentário. Abraços, Carla

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