quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Movimento estudantil da UFJF é tema de debate no anfiteatro da Reitoria

Como parte da programação dos 50 anos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), será realizada, nesta quinta-feira, dia 9, uma mesa-redonda no anfiteatro das Pró-reitorias, às 19h. Com o tema “A história do movimento estudantil na UFJF”, o evento reunirá cinco pessoas que marcaram o movimento durante os 50 anos de universidade.
Segundo a presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFJF, Mirelly Cardoso, a ideia é trazer o movimento estudantil de anos atrás para os dias de hoje por meio do relato de experiências e fatos que marcaram época na Universidade. “Tivemos importantes momentos históricos, como a ditadura militar, por exemplo. Esses momentos foram representativos para o movimento estudantil e muitas histórias nasceram nesse período. Esse encontro demonstra, portanto, a importância do movimento nos rumos da Universidade, observando tantas conquistas do passado e também as que estão para acontecer.”
Mirelly ressalta que esse encontro permite analisar aquilo que o movimento estudantil trilhou na UFJF e de que forma contribuiu para tornar a universidade o que é hoje. Segundo ela, várias discussões foram feitas e diversas ações tomadas a partir da existência desse diretório na instituição. “O que cabe a nós, agora, é construir uma nova cultura política entre os estudantes para que possamos revitalizar o movimento e continuarmos a melhorar a universidade para que ela seja para todas e todos.”
Para promover o debate sobre a história, a influência e a importância do movimento estudantil na construção dos 50 anos da UFJF foram convidados o ex-reitor Renê Matos, que falará da sua experiência de militante estudantil na década de 60; Inácio Delgado, na década de 70; Wanderson Castellar, na década de 80; Luiz Eduardo de Oliveira, na década de 90; e Gilliard Tenório, com os últimos dez anos de atuação do DCE.
Dos nos 60 a 2000
Segundo René Matos, presidente do DCE em 68 e 69, o movimento estudantil da época buscava trabalhar a formação do cidadão como pessoa política, sensível às questões sociais e à própria criação da universidade. “Se analisarmos a história, como faremos neste encontro, veremos que as várias pessoas que participaram do movimento estudantil têm, hoje, uma participação importante na sociedade, seja como liderança política, professor ou engajado na vida social como um todo.”
Já o professor de História da UFJF Ignácio Delgado, conta que durante a década de 70 e, especialmente, em 77 (ano em que atuou no DCE), embora já existisse uma mobilização importante por parte de alguns órgãos, ainda não havia irrompido os movimentos de massas com contingências de pessoas nas ruas. “O movimento estudantil rompeu esse ciclo”, revela. Segundo ele, isso provocou uma onda de mobilização pelas ruas do país, principalmente promovida pelos Diretórios Acadêmicos (Das). Ignácio relembra que 1978 foi o ano de reconstrução das entidades estudantis, momento de retomada da característica esquerdista, o que culminou na reconstrução da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 79. “O movimento não conseguiria manter os estudantes se não fosse lutando pelos seus próprios objetivos. Os temas que mais nos mobilizavam eram os referentes a Restaurantes Universitários (RUs) e transporte público.”
O professor relembra ainda do importante momento cultural chamado de “Som aberto”, realizados no anfiteatro do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), com apresentações músicas e de poesias. “Embora o movimento estudantil seja de gerações, ele continua marcante na vida de quem dele fez e faz parte e sabe construir sua história com continuidade. Uma iniciativa como esse debate é uma medida relevante para que a recuperação permanente da memória sirva para a geração presente encontrar o lugar do movimento social na defesa das questões sociais.”
Anos 90 e 2000
Atuando como presidente do DCE em 94 e 95, Luiz Eduardo conta que já atuava em gestões anteriores. Dos trabalhos realizados pelo grupo, ganha destaque a luta pela democracia nas universidades. “Era como se a ditadura não tivesse acabado, pois ainda vivíamos em uma universidade fechada, sem políticas voltadas à pesquisa, extensão e assistência estudantil.” Segundo ele, as decisões tomadas na época “não tinham participação dos estudantes, tais como hoje, caracterizadas por gestões mais democráticas”.
Relatando as experiências mais recentes do movimento, o ex-coordenador de comunicação do DCE, Gilliard Tenório, conta que sua gestão, nos anos de 2005 e 2006, teve como intuito resgatar a proximidade do movimento com os estudantes. “Tentamos fazer com que o DCE voltasse a ser um movimento ativo dentro da universidade. Para isso era importante estar em contato com os alunos e isso ainda hoje continua sendo um desafio.”
Conforme Tenório, o movimento estudantil deve perceber sempre que, apesar de estar em uma universidade, tem um importante papel político na construção do país e nas conquistas sociais e estudantis. “Embora olhar para o passado seja importante, é necessário também que aproveitemos esse espaço para assumirmos um ponto de vista para os próximos anos. É momento de pensar o que a UFJF vai ser daqui a 50 anos.”
Outras informações: (32) 2102-3967 (Diretoria de Comunicação)

Um comentário:

  1. Muito oportuno este evento. É uma oportunidade excelente de repensar o papel de um órgão tão importante para a afirmação do processo democrático da universidade. É uma oportunidade de uma reflexão do passado e de formação futura da cosciência crítica e de cidadania entre alunos e outras esferas da universidade. O que se verifica atualmente é um certo distanciamento dos alunos em relação ao DEC. Propiciar esta aproximaçãao de forma construtiva talvez seja o principal desafio desta importantíssima instituição.

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