sábado, 4 de dezembro de 2010

Só faca na caveira não resolve...

A entrada da polícia e das forças armadas neste fim de ano, em algumas favelas cariocas, no intuito de retomar territórios dos marginais foi um acontecimento épico.
Não é novidade para ninguém que a mídia não tem o poder de fazer pensarmos como eles querem; embora seja a mídia responsável em grande parte pelo que devemos pensar.
Os diversos meios de comunicação (jornal, rádio, televisão, principalmente esta última) selecionam aquilo que ser quer que as pessoas pensem. Inclusive, dependendo do enquadramento, as percepções são direcionadas.
Ao acompanhar este presente de final de ano, que foi a invasão da Vila Cruzeiro e do Morro do Alemão, vimos pela primeira vez em nosso país a união das polícias e das forças armadas, com a finalidade de desestabilizar o tráfico e, finalmente, fazer valer a presença do poder público em espaços onde isso acontecia com extrema debilidade, quando acontecia.
Apesar de algumas denúncias realizadas pelos moradores referentes ao abuso de autoridade realizada por alguns policiais corruptos – inclusive menção de saques -, a retomada das regiões foi dada como um grande sucesso, um acontecimento a la Tropa de Elite: foram presos lideranças do tráfico, apreendido quase 40 toneladas de drogas, mais de 100 fuzis, motos etc.
Por outro lado, temos algumas indagações que serão necessárias serem respondidas ou pelo menos avaliadas: quais serão as medidas a serem tomadas pelo poder público para coibir a corrupção policial, a qual começa lá no presídio, permitindo a entrada de celulares e de drogas? Qual será a estratégia de segurança para coibir a entrada de drogas nas fronteiras? De que maneira o Estado se fará presente para realizar aquilo que é seu objetivo maior, a prestação de serviços públicos?
Não basta somente faca na caveira, como muitos apregoam equivocadamente. A invasão é necessária, óbvio. Mas, mais necessárias são políticas públicas que atendam os preceitos constitucionais, principalmente aqueles relacionados a uma política habitacional, de educação, de saúde e de segurança permanente.
Torço para que isso não seja uma mera maquilagem para 2014 e 2016, muito menos uma política de governo efêmera. E o que nos motiva na crença de dias melhores é a esperança, aliás, esperança essa que é o motor histórico da sobrevivência humana.
Juiz de Fora, 04 de dezembro de 2010.

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