terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O PROCESSO




E agora Joseph K.?
O processo acabou
A vida acabou
Acabou o sentido (Existe algum sentido?)
Você corre pra onde? (Você corre?)
Você tem culpa de quê?
Você tem medo de quê?

A catedral onde ecoa seu nome
O quarto simples e abafado
as meninas e seus olhos pelas frestas
Tudo é sonho
Tudo é não-razão
E existe razão nesse tudo?

E agora Joseph K.?
Como se desvencilhar da acusação?
Qual é a acusação?
De onde vem a acusação?

Você é que não se aceita
Não sabe quem é
Não sabe o que é


A você cabe inventar um sentido
Lutar por esse sentido
Morrer por esse sentido
Procurar verdades em meio a incertezas
E viver essas mesmas verdades sem certeza alguma

A família o abandonou
O banco o abandonou
Você se abandonou?

Danem-se os recursos
Danem-se os tribunais
Vivas! às possibilidades
O processo está sempre em curso
Cabe a você, Joseph K., decidir
Absolvição completa ou dilação indefinida?
Porque entregar-se, jamais!


Marcos Godoy







3 comentários:

  1. Lindo e emocionante... parabéns, Marcos, beleza de poema e sensibilidade!!!!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Como já disse em outro momento, a melhor síntese - poética - que já li sobre a obra O Processo.

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